segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

CANÇÃO NOVA - FORMAÇÃO


FORMAÇÕES

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Muitas histórias, um Natal

Conheça algumas curiosidades deste dia

O dia 25 de dezembro

Em um primeiro momento, durante os séculos I e II depois de Cristo, os cristãos não celebravam o nascimento de Jesus. Sabia-se quando havia morrido, na Páscoa Judaica, mas não quando havia nascido. Porém, no século III, existem os primeiros testemunhos de que a festa do Nascimento de Cristo era celebrada pela Igreja, ainda que de forma clandestina, no dia 25 de dezembro. 

Como em outros casos, os primeiros cristãos aproveitaram festividadespagãs para celebrar sua fé. No caso do Natal, em torno do dia 25 de dezembro, as civilizações pré-cristãs celebravam o solstício de inverno, no qual a luz voltava a aparecer e terminavam as trevas. Ainda que seja uma época de frio e de noites longas, sabe-se que a vida volta a se iniciar.

De seu lado, os romanos celebravam, entre os dias 17 e 24 de dezembro, as Saturnalia, festa dedicadas ao deus Saturno. Na época imperial, a partir dos séculos I e II, fixou-se o dia 25 de dezembro como o dia do nascimento do “Sol invicto”, divindade que era representada por um recém-nascido. Era um dia de festa, ninguém trabalhava, inclusive os escravos festejavam.

Logo, a já grande comunidade romana de cristãos – que ainda vivia na clandestinidade – aproveitou essa data, tão celebrada na sociedade romana, para celebrar o nascimento de Jesus, cuja data era desconhecida. 

A difusão da celebração litúrgica do Natal foi rápida. Após as perseguições de Diocleciano, em 354, foi fixada oficialmente a data do nascimento de Cristo. É possível considerar que, no século V, o Natal era uma festa universal, já que na ocasião a Igreja não estava dividida. Também os povos do Norte da Europa celebravam uma série de festas ao redor do solstício em honra a deuses como Thor, Odin ou Yule, razão pela qual não custou aos evangelizadores adaptar as festas pagãs ao Natal. 

Missa do “Galo” 

No século V, o Papa Sixto III introduziu, em Roma, o costume de celebrar, no Natal, uma vigília noturna, à meia-noite, “mox ut gallus cantaverit” (“enquanto o galo canta”). A Missa tinha lugar num pequeno oratório, chamado “ad praesepium” (“junto ao presépio”), situado atrás do altar-mor da Basílica paleo-cristã de São Pedro.

A celebração Eucarística dessa Noite Santa começa com um convite insistente e urgente à alegria: “Alegremo-nos todos no Senhor – dizem os textos da liturgia -, porque nosso Salvador nasceu no mundo”. O tempo litúrgico do Natal vai até o domingo do Batismo do Senhor, o domingo que se segue à Epifania.

Os Presépios 

O presépio é a representação doméstica do mistério do Nascimento de Jesus. O costume surgiu quando, no Natal de 1223, na Itália, São Francisco de Assis oficiou como diácono a Missa dentro de uma gruta na localidade de Greccio. Nela, após pedir permissão ao Papa Honório III, tinha montado um presépio com uma imagem em pedra do Menino Jesus, um boi e um asno vivos. 

Esta representação de Greccio foi o ponto de partida de um fenômeno extraordinário de difusão do culto do Natal. A partir do próprio século XIII, a elaboração de presépios difundiu-se por toda a Itália. Os frades franciscanos imitaram seu fundador nas igrejas dos conventos abertos na Europa. Este costume propagou-se por toda a Europa durante os séculos XIV e XV.

Atualmente, o movimento da representação do nascimento de Cristo tem um grande êxito, principalmente na Itália, Espanha e América Latina. Na França, após a Revolução Francesa, em que foram proibidas as manifestações natalinas, nasceram com muita força na região de Provença. Até mesmo as comunidades protestantes, ainda que não montem presépios em suas casas, conservam, sim, a tradição de montar “presépios vivos” com crianças.



A árvore de Natal

É outra tradição pré-cristã que adquiriu um significado profundamente cristão. Muitas tradições, todas de procedência nórdica, reclamam o costume da árvore de Natal, ainda que nenhuma seja confiável, pelo que sua origem se perde na noite dos tempos. Os antigos povoadores da Europa Central e Escandinávia consideravam as árvores seres sagrados. Assim, na época do solstício de inverno, adornavam a árvore mais alta e poderosa do bosque com luzes e com frutos (maçãs, por exemplo), acreditando que suas raízes chegavam ao reino dos deuses, onde se encontravam Thor e Odin.  

Segundo a tradição, o Cristianismo atribuiu uma leitura mais profunda a este costume. Conta-se que São Bonifácio – um sacerdote inglês que evangelizou a Europa Central nos séculos VII e VIII –, explicava o mistério da Trindade com a forma triangular do abeto (pinheiro): os frutos seriam os dons do Espírito Santo (os presentes de Deus aos homens); a estrela seria Cristo, a luz de Deus, a luz do mundo; e o tronco é facilmente assimilável à tradição cristã, que utiliza também muitas árvores em sua catequese: a árvore do Paraíso, da ciência do Bem e do Mal, a árvore de Jessé, o santo madeiro do qual se fez a cruz...

A partir do sáculo XV, os fiéis começaram a montar as árvores em suas casas. Com a reforma protestante – que suprime as tradições do presépio e de São Nicolau –, a árvore adquire maior protagonismo em muitos países do norte. A seus pés, as crianças encontram os presentes trazidos pelo Menino Jesus.

O enorme êxito da árvore, no mundo anglo-saxão, deve-se à rainha Vitória, que instalou uma no palácio real em 1830 e estendeu o costume a todo o reino. Em 1848, chegou até a felicitar as festividades natalinas com uma imagem da família real junto à árvore, o que contribuiu para sua difusão também nos Estados Unidos da América.


A difusão da árvore, no mundo protestante, fez com que, nos países católicos, especialmente do sul da Europa, dessem menos importância a essa tradição. Mais recentemente, com dois Pontífices centro-europeus, o costume da árvore de Natal recuperou sua importância. Em 1982, a árvore foi instalada pela primeira vez na Praça de São Pedro: “Que significa esta árvore? – perguntava João Paulo II. Eu creio que é o símbolo da árvore da vida, aquela árvore mencionada no livro do Gênesis e que foi plantada na terra da humanidade junto a Cristo (...). Depois, no momento em que Cristo veio ao mundo, a árvore da vida voltou a ser plantada por meio d'Ele e, agora, cresce com Ele e amadurece na cruz (...). Devo dizer-lhes – confessava – que eu pessoalmente, apesar de ter uns quantos anos, espero impacientemente a chegada do Natal, momento em que é trazido aos meus aposentos esta pequena árvore. Tudo isso tem um enorme significado que transcende as idades...”.

Os presentes 

A relação Natal-presente é muito antiga. Desde o início, um presente nestas datas tem sido um modo de transmitir, de modo material, às pessoas queridas a alegria própria pelo nascimento do Filho de Deus. Até o século XIX, não se generalizou a ideia, fruto das classes médias, da burguesia. Reis Magos, Menino Jesus, São Nicolau ou Papai Noel, Befana, Olentzero, Caga Tiò são personagens que, nas festas natalinas, trazem presentes às crianças. Mas muitos destes personagens têm uma longa história. Contaremos duas.

Papai Noel 

São Nicolau foi um bispo cristão que viveu na atual Turquia, no século IV. Ainda que tenha feito muitos milagres, o mais conhecido foi o que restituiu a vida a três meninos que haviam sido esquartejados por um carniceiro que havia colocado seus restos em uns sacos. Por isso, sua figura esteve sempre unida à dos meninos. Sua devoção sempre existiu tanto na Igreja Católica como na Ortodoxa. Logo, associou-se o santo aos presentes que as crianças recebiam no Natal.

A imagem atual é uma mistura do Sinterklaas holandês e tradições escandinavas que haviam chegado aos Estados Unidos. Sua origem remonta a uma noite de 1822, quando o pastor protestante Clément C. Moore criou o personagem Santa Claus. No dia 24 de dezembro, ao cair da tarde, sua esposa descobriu que faltavam algumas coisas para a ceia e pediu a seu marido que fosse comprá-las. Na volta, Clement se entreteve algum tempo com o guarda Jan Duychinck: um holandês gordo e efusivo, com vontade de contar as tradições natalinas de sua terra, em particular os costumes relacionados com Sinterklaas (São Claus).

Já em casa, enquanto a esposa preparava a ceia, redigiu um poema para suas três filhas, contando a visita que lhe havia feito São Nicolau. A figura que descreveu era a mesma de Duychinck: um indivíduo cordial, gordo, de olhos chispeantes, nariz vermelho e faces rosadas, que trazia consigo um cachimbo e dizia “ho, ho, ho”. Ainda que o personagem se chamasse São Nicolau, nada tinha a ver com o bispo. 

M. Narbona
http://www.opusdei.org.br

FONTE: Canção Nova

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

É NATAL!

                 
                       



                            A FORÇA QUE VEM DE DEUS NOS IMPELE ANUNCIAR JESUS




           "Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho  para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo" (Lc 1, 39-41).  Assim começa a missão de Maria, descrita pelo Evangelista Lucas em seu relato Evangélico. Tão logo se concretizou a concepção de Jesus em seu ventre, Maria foi sendo inspirada a revelar Jesus ao mundo e começou essa missão fazendo uma longa viagem até a cidade onde se encontrava sua parenta isabel, também grávida de João Batista, aquele que seria o precursor do próprio Jesus. 

Neste encontro, duas mães de idades diferentes, encontram-se em um único hino de louvor a Deus. Para Maria, o motivo do encontro é o desejo natural de comunicar o grande acontecimento que ela conhece, prestar auxílio a quem está em necessidade e reconhecer o sinal dado pelo Senhor através de Isabel, inserindo-se deste modo no grande plano de Deus. Maria compreende e age. Sua adesão à vontade de Deus e sua obediência não traduzem preguiça e dificuldade, e sim alegria e decisão. Quem segue a Deus e está cheio de Seu Espírito caminha de coração alegre, de ânimo aberto, mesmo por estradas fatigantes. A maternidade de Maria é o mistério de sua grandeza pessoal, pela força e no poder da Palavra de Deus. A fé em Maria contrapõe-se à nossa incredulidade. Deste modo, no início do aparecimento da salvação mostra-se a fé como uma adesão à Palavra que anima e dá, chama e beneficiam gera e cria.

Maria tornou-se a referência para a Igreja missionária. Ela é a escola para todos aqueles que ouvem a Palavra de Deus e obedecem ao Seu chamado. Em Maria, o Senhor fala e mostra o Caminho. Quem se dispõe a seguir este Caminho, não pára nas dificuldades e nos desafios, mas reage com a força que carrega dentro de si, que é o próprio Espírito que gerou Jesus em Maria. Assim é a Igreja que caminha pelo mundo lutando pelos ideiais cristãos. Onde tem uma alma necessitada de salvação, aí está a Igreja cuja tradição está inteiramente ligada àquela que deu início à história da salvação: a Virgem Maria!

Portanto, todos nós somos chamados a gestar Jesus neste mundo, onde Jesus será revelado a todos aqueles que se aproximarem. Sem palavreados, sem gestos e no silêncio de Maria, Jesus será revelado a todos e o mundo poderá se transformar pela presença viva e transformadora. Jesus vive e viverá sempre na pessoa de quem ouvir e acreditar em Sua Palavra.

Que Nossa Senhora de Todos os Povos interceda por cada um de nós, filhos e filhas do Pai Criador.

Deus seja louvado e adorado!

Carlos - Comunidade Pedras Vivas






quarta-feira, 28 de novembro de 2012

FORMAÇÃO - DESTRAVE: CANÇÃO NOVA


 CASTIDADE NOS ENSINA A AMAR

ARTIGOS

Conteúdo enviado pelo internauta Thiago Thomaz Puccini (Jovens Sarados - Missão Barra Funda)
O namoro atravessa, no decorrer dos anos, um caminho obscurecido pelo surgimento e fortalecimento de novos costumes. Atualmente, aceita-se um relacionamento mais liberal, no qual o casal pode se aprofundar na intimidade física e experimentá-la ainda antes do casamento. No entanto, temos outra opção: a castidade. Essa é a luz que o Senhor nos deu para controlar nossa inclinação aos prazeres carnais. Tal virtude moral é capaz de proporcionar um relacionamento saudável, íntegro e, portanto, dentro daquilo que Deus deseja para nós. Logo, há diversas razões para cultivar a castidade.
A abstinência sexual permite que o casal se concentre no conhecimento mútuo, em compartilhar alegrias e tristezas, pontos de vista e experiências. Assim, são criados laços de amizade e, por consequência, o diálogo.
Não conhecer o outro profundamente pode levar ao desencantamento, ao desinteresse e até à procura de pessoas que possam trazer maior satisfação. Além disso, a busca pelo ato sexual, ou simplesmente por carícias, pode ofuscar gradativamente outras formas de comunicação entre os namorados, inviabilizando o desenvolvimento da relação.
Um aspecto afirmado por alguns jovens é o de que as relações sexuais podem prolongar um relacionamento que se tornou indesejável ao longo do tempo. A castidade facilita o rompimento de um vínculo afetivo, pois não houve demasiada intimidade física.
O fato de ser casto evita confusões, sentimentos de culpa e estresse, além do arrependimento por ter feito algo que não deveria.
Muitos são e/ou serão zombados por causa dessa escolha difícil. Poderão ser caracterizados como frouxos, frágeis; no entanto, como Felipe Aquino escreveu em seu livro ‘Namoro’, “a grandeza de um homem não se mede pelo poder que possui de dominar os outros, mas pela capacidade de dominar a si mesmo”.
Mahatma Ghandi, um célebre indiano, dizia: “A castidade não é uma cultura de estufa. Ela é uma das maiores disciplinas, sem a qual a mente não pode alcançar a firmeza necessária”.
“A abstinência sexual permite que o casal se concentre no conhecimento mútuo” Thiago Thomaz
Um ponto crucial do namoro é aprender a amar. Mas como uma pessoa pode amar se não tem posse de si mesma? Por isso, o domínio de si é fundamental para alguém ser capaz de doar-se aos outros. A castidade, portanto, não é uma privação, é uma doação,  uma expressão nobre do amor. Para praticá-la, “vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41). Logicamente, é necessário evitar também situações oportunas, além de frequentar a comunhão e a confissão.
A Igreja Católica deixa clara a sua posição sobre o sexo antes do casamento: esse ato é o instrumento da expressão do amor conjugal e da procriação. Portanto, somos convidados a viver a castidade. Somos livres, porque podemos fazer a melhor escolha.
Reflita e opte por aquilo que você deseja para sua vida!

FONTE: Canção Nova

CARTA DO PAPA BENTO XVI AOS JOVENS DA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE 2013


Mensagem do Papa para a JMJ Rio2013 - 16/11/12

Boletim de Imprensa da Santa Sé

http://img.cancaonova.com/noticias/noticia/Brasao_BentoXVI.jpg
MENSAGEM
Para a XXVIII Jornada Mundial da Juventude
no Rio de Janeiro, em julho de 2013
16 de novembro de 2012



"Ide e fazei discípulos entre as nações!" (cf. Mt 28,19)

Queridos jovens,

Desejo fazer chegar a todos vós minha saudação cheia de alegria e afeto. Tenho a certeza que muitos de vós regressastes a casa da Jornada Mundial da Juventude em Madri mais «enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» (cf. Col 2,7). Este ano, inspirados pelo tema: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fil 4,4) celebramos a alegria de ser cristãos nas várias Dioceses. E agora estamo-nos preparando para a próxima Jornada Mundial, que será celebrada no Rio de Janeiro, Brasil, em julho de 2013.

Desejo, em primeiro lugar, renovar a vós o convite para participardes nesse importante evento. A conhecida estátua do Cristo Redentor, que se eleva sobre àquela bela cidade brasileira, será o símbolo eloquente deste convite: seus braços abertos são o sinal da acolhida que o Senhor reservará a todos quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o imenso amor que Ele tem por cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair por Ele! Vivei essa experiência de encontro com Cristo, junto com tantos outros jovens que se reunirão no Rio para o próximo encontro mundial! Deixai-vos amar por Ele e sereis as testemunhas de que o mundo precisa.

Convido a vos preparardes para a Jornada Mundial do Rio de Janeiro, meditando desde já sobre o tema do encontro: "Ide e fazei discípulos entre as nações" (cf. Mt 28,19). Trata-se da grande exortação missionária que Cristo deixou para toda a Igreja e que permanece atual ainda hoje, dois mil anos depois. Agora este mandato deve ressoar fortemente em vosso coração. O ano de preparação para o encontro do Rio coincide com o Ano da fé, no início do qual o Sínodo dos Bispos dedicou os seus trabalhos à «nova evangelização para a transmissão da fé cristã». Por isso me alegro que também vós, queridos jovens, sejais envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros.

1. Uma chamada urgente

A história mostra-nos muitos jovens que, através do dom generoso de si mesmos, contribuíram grandemente para o Reino de Deus e para o desenvolvimento deste mundo, anunciando o Evangelho. Com grande entusiasmo, levaram a Boa Nova do Amor de Deus manifestado em Cristo, com meios e possibilidades muito inferiores àqueles de que dispomos hoje em dia. Penso, por exemplo, no Beato José de Anchieta, jovem jesuíta espanhol do século XVI, que partiu em missão para o Brasil quando tinha menos de vinte anos e se tornou um grande apóstolo do Novo Mundo. Mas penso também em tantos de vós que se dedicam generosamente à missão da Igreja: disto mesmo tive um testemunho surpreendente na Jornada Mundial de Madri, em particular na reunião com os voluntários.

Hoje, não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e não veem com clareza o próprio caminho. De um modo geral, diante das dificuldades do mundo contemporâneo, muitos se perguntam: E eu, que posso fazer? A luz da fé ilumina esta escuridão, nos fazendo compreender que toda existência tem um valor inestimável, porque é fruto do amor de Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou ou esqueceu d’Ele: tem paciência e espera; mais que isso, deu o seu Filho, morto e ressuscitado, para nos libertar radicalmente do mal. E Cristo enviou os seus discípulos para levar a todos os povos este alegre anúncio de salvação e de vida nova.

A Igreja, para continuar esta missão de evangelização, conta também convosco. Queridos jovens, vós sois os primeiros missionários no meio dos jovens da vossa idade! No final do Concílio Ecumênico Vaticano II, cujo cinquentenário celebramos neste ano, o Servo de Deus Paulo VI entregou aos jovens e às jovens do mundo inteiro uma Mensagem que começava com estas palavras: «É a vós, rapazes e moças de todo o mundo, que o Concílio quer dirigir a sua última mensagem, pois sereis vós a recolher o facho das mãos dos vossos antepassados e a viver no mundo no momento das mais gigantescas transformações da sua história, sois vós quem, recolhendo o melhor do exemplo e do ensinamento dos vossos pais e mestres, ides constituir a sociedade de amanhã: salvar-vos-eis ou perecereis com ela». E concluía com um apelo: «Construí com entusiasmo um mundo melhor que o dos vossos antepassados!» (Mensagem aos jovens, 8 de dezembro de 1965).

Queridos amigos, este convite é extremamente atual. Estamos passando por um período histórico muito particular: o progresso técnico nos deu oportunidades inéditas de interação entre os homens e entre os povos, mas a globalização destas relações só será positiva e fará crescer o mundo em humanidade se estiver fundada não sobre o materialismo mas sobre o amor, a única realidade capaz de encher o coração de cada um e unir as pessoas. Deus é amor. O homem que esquece Deus fica sem esperança e se torna incapaz de amar seu semelhante. Por isso é urgente testemunhar a presença de Deus para que todos possam experimentá-la: está em jogo a salvação da humanidade, a salvação de cada um de nós. Qualquer pessoa que entenda essa necessidade, não poderá deixar de exclamar com São Paulo: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho» (1 Cor 9,16).

2. Tornai-vos discípulos de Cristo

Esta chamada missionária vos é dirigida também por outro motivo: é necessário para o nosso caminho de fé pessoal. O Beato João Paulo II escrevia: «É dando a fé que ela se fortalece» (Encíclica Redemptoris missio, 2). Ao anunciar o Evangelho, vós mesmos cresceis em um enraizamento cada vez mais profundo em Cristo, vos tornais cristãos maduros. O compromisso missionário é uma dimensão essencial da fé: não se crê verdadeiramente, se não se evangeliza. E o anúncio do Evangelho não pode ser senão consequência da alegria de ter encontrado Cristo e ter descoberto n’Ele a rocha sobre a qual construir a própria existência. Comprometendo-vos no serviço aos demais e no anúncio do Evangelho, a vossa vida, muitas vezes fragmentada entre tantas atividades diversas, encontrará no Senhor a sua unidade; construir-vos-eis também a vós mesmos; crescereis e amadurecereis em humanidade.

Mas, que significa ser missionário? Significa acima de tudo ser discípulo de Cristo e ouvir sem cessar o convite a segui-Lo, o convite a fixar o olhar n’Ele: «Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). O discípulo, de fato, é uma pessoa que se põe à escuta da Palavra de Jesus (cf. Lc 10,39), a quem reconhece como o Mestre que nos amou até o dom de sua vida. Trata-se, portanto, de cada um de vós deixar-se plasmar diariamente pela Palavra de Deus: ela vos transformará em amigos do Senhor Jesus, capazes de fazer outros jovens entrar nesta mesma amizade com Ele.

Aconselho-vos a guardar na memória os dons recebidos de Deus, para poder transmiti-los ao vosso redor. Aprendei a reler a vossa história pessoal, tomai consciência também do maravilhoso legado recebido das gerações que vos precederam: tantos cristãos nos transmitiram a fé com coragem, enfrentando obstáculos e incompreensões. Não o esqueçamos jamais! Fazemos parte de uma longa cadeia de homens e mulheres que nos transmitiram a verdade da fé e contam conosco para que outros a recebam. Ser missionário pressupõe o conhecimento deste patrimônio recebido que é a fé da Igreja: é necessário conhecer aquilo em que se crê, para podê-lo anunciar. Como escrevi na introdução do YouCat, o Catecismo para jovens que vos entreguei no Encontro Mundial de Madri, «tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em informática domina o sistema operacional de um computador. Tendes de compreendê-la como um bom músico entende uma partitura. Sim, tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação» (Prefácio).

3. Ide!

Jesus enviou os seus discípulos em missão com este mandato: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos outros a Boa Nova da salvação, e esta Boa Nova é uma pessoa: Jesus Cristo. Quando O encontro, quando descubro até que ponto sou amado por Deus e salvo por Ele, nasce em mim não apenas o desejo, mas a necessidade de fazê-lo conhecido pelos demais. No início do Evangelho de João, vemos como André, depois de ter encontrado Jesus, se apressa em conduzir a Ele seu irmão Simão (cf. 1,40-42). A evangelização sempre parte do encontro com o Senhor Jesus: quem se aproximou d’Ele e experimentou o seu amor, quer logo partilhar a beleza desse encontro e a alegria que nasce dessa amizade. Quanto mais conhecemos a Cristo, tanto mais queremos anunciá-lo. Quanto mais falamos com Ele, tanto mais queremos falar d’Ele. Quanto mais somos conquistados por Ele, tanto mais desejamos levar outras pessoas para Ele.

Pelo Batismo, que nos gera para a vida nova, o Espírito Santo vem habitar em nós e inflama a nossa mente e o nosso coração: é Ele que nos guia para conhecer a Deus e entrar em uma amizade sempre mais profunda com Cristo. É o Espírito que nos impulsiona a fazer o bem, servindo os outros com o dom de nós mesmos. Depois, através do sacramento da Confirmação, somos fortalecidos pelos seus dons, para testemunhar de modo sempre mais maduro o Evangelho. Assim, o Espírito de amor é a alma da missão: Ele nos impele a sair de nós mesmos para «ir» e evangelizar. Queridos jovens, deixai-vos conduzir pela força do amor de Deus, deixai que este amor vença a tendência de fechar-se no próprio mundo, nos próprios problemas, nos próprios hábitos; tende a coragem de «sair» de vós mesmos para «ir» ao encontro dos outros e guiá-los ao encontro de Deus.

4. Alcançai todos os povos


Cristo ressuscitado enviou os seus discípulos para dar testemunho de sua presença salvífica a todos os povos, porque Deus, no seu amor superabundante, quer que todos sejam salvos e ninguém se perca. Com o sacrifício de amor na Cruz, Jesus abriu o caminho para que todo homem e toda mulher possa conhecer a Deus e entrar em comunhão de amor com Ele. E constituiu uma comunidade de discípulos para levar o anúncio salvífico do Evangelho até os confins da terra, a fim de alcançar os homens e as mulheres de todos os lugares e de todos os tempos. Façamos nosso esse desejo de Deus!

Queridos amigos, estendei o olhar e vede ao vosso redor: tantos jovens perderam o sentido da sua existência. Ide! Cristo precisa de também de vós. Deixai-vos envolver pelo seu amor, sede instrumentos desse amor imenso, para que alcance a todos, especialmente aos «afastados». Alguns encontram-se geograficamente distantes, enquanto outros estão longe porque a sua cultura não dá espaço para Deus; alguns ainda não acolheram o Evangelho pessoalmente, enquanto outros, apesar de o terem recebido, vivem como se Deus não existisse. A todos abramos a porta do nosso coração; procuremos entrar em diálogo com simplicidade e respeito: este diálogo, se vivido com uma amizade verdadeira, dará seus frutos. Os «povos», aos quais somos enviados, não são apenas os outros Países do mundo, mas também os diversos âmbitos de vida: as famílias, os bairros, os ambientes de estudo ou de trabalho, os grupos de amigos e os locais de lazer. O jubiloso anúncio do Evangelho se destina a todos os âmbitos da nossa vida, sem exceção.

Gostaria de destacar dois campos, nos quais deve fazer-se ainda mais solícito o vosso empenho missionário. O primeiro é o das comunicações sociais, em particular o mundo da internet. Como tive já oportunidade de dizer-vos, queridos jovens, «senti-vos comprometidos a introduzir na cultura deste novo ambiente comunicador e informativo os valores sobre os quais assenta a vossa vida! [...] A vós, jovens, que vos encontrais quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação, compete de modo particular a tarefa da evangelização deste “continente digital”» (Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24 de maio de 2009). Aprendei, portanto, a usar com sabedoria este meio, levando em conta também os perigos que ele traz consigo, particularmente o risco da dependência, de confundir o mundo real com o virtual, de substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas por contatos na rede.

O segundo campo é o da mobilidade. Hoje são sempre mais numerosos os jovens que viajam, seja por motivos de estudo ou de trabalho, seja por diversão. Mas penso também em todos os movimentos migratórios, que levam milhões de pessoas, frequentemente jovens, a se transferir e mudar de Região ou País, por razões econômicas ou sociais.Também estes fenômenos podem se tornar ocasiões providenciais para a difusão do Evangelho. Queridos jovens, não tenhais medo de testemunhar a vossa fé também nesses contextos: para aqueles com quem vos deparareis, é um dom precioso a comunicação da alegria do encontro com Cristo.

5. Fazei discípulos!

Penso que já várias vezes experimentastes a dificuldade de envolver os jovens da vossa idade na experiência da fé. Frequentemente tereis constatado que em muitos deles, especialmente em certas fases do caminho da vida, existe o desejo de conhecer a Cristo e viver os valores do Evangelho, mas tal desejo é acompanhado pela sensação de ser inadequados e incapazes. Que fazer? Em primeiro lugar, a vossa solicitude e a simplicidade do vosso testemunho serão um canal através do qual Deus poderá tocar seu coração.

O anúncio de Cristo não passa somente através das palavras, mas deve envolver toda a vida e traduzir-se em gestos de amor. A ação de evangelizar nasce do amor que Cristo infundiu em nós; por isso, o nosso amor deve conformar-se sempre mais ao d’Ele. Como o bom Samaritano, devemos manter-nos solidários com quem encontramos, sabendo escutar, compreender e ajudar, para conduzir, quem procura a verdade e o sentido da vida, à casa de Deus que é a Igreja, onde há esperança e salvação (cf. Lc 10,29-37).

Queridos amigos, nunca esqueçais que o primeiro ato de amor que podeis fazer ao próximo é partilhar a fonte da nossa esperança: quem não dá Deus, dá muito pouco. Aos seus apóstolos, Jesus ordena: «Fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei» (Mt 28,19-20). Os meios que temos para «fazer discípulos» são principalmente o Batismo e a catequese. Isto significa que devemos conduzir as pessoas que estamos evangelizando ao encontro com Cristo vivo, particularmente na sua Palavra e nos Sacramentos: assim poderão crer n’Ele, conhecerão a Deus e viverão da sua graça.

Gostaria que cada um de vós se perguntasse: Alguma vez tive a coragem de propor o Batismo a jovens que ainda não o receberam? Convidei alguém a seguir um caminho de descoberta da fé cristã? Queridos amigos, não tenhais medo de propor aos jovens da vossa idade o encontro com Cristo. Invocai o Espírito Santo: Ele vos guiará para entrardes sempre mais no conhecimento e no amor de Cristo, e vos tornará criativos na transmissão do Evangelho.

6. Firmes na fé

Diante das dificuldades na missão de evangelizar, às vezes sereis tentados a dizer como o profeta Jeremias: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Mas, também a vós, Deus responde: «Não digas que és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás» (Jr 1,6-7). Quando vos sentirdes inadequados, incapazes e frágeis para anunciar e testemunhar a fé, não tenhais medo. A evangelização não é uma iniciativa nossa nem depende primariamente dos nossos talentos, mas é uma resposta confiante e obediente à chamada de Deus, e portanto não se baseia sobre a nossa força, mas na d’Ele. Isso mesmo experimentou o apóstolo Paulo: «Trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós» (2 Cor 4,7).

Por isso convido-vos a enraizar-vos na oração e nos sacramentos. A evangelização autêntica nasce sempre da oração e é sustentada por esta: para poder falar de Deus, devemos primeiro falar com Deus. E, na oração, confiamos ao Senhor as pessoas às quais somos enviados, suplicando-Lhe que toque o seu coração; pedimos ao Espírito Santo que nos torne seus instrumentos para a salvação dessas pessoas; pedimos a Cristo que coloque as palavras nos nossos lábios e faça de nós sinais do seu amor. E, de modo mais geral, rezamos pela missão de toda a Igreja, de acordo com a ordem explícita de Jesus: «Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!» (Mt 9,38). Sabei encontrar na Eucaristia a fonte da vossa vida de fé e do vosso testemunho cristão, participando com fidelidade na Missa ao domingo e sempre que possível também durante a semana. Recorrei frequentemente ao sacramento da Reconciliação: é um encontro precioso com a misericórdia de Deus que nos acolhe, perdoa e renova os nossos corações na caridade. E, se ainda não o recebestes, não hesiteis em receber o sacramento da Confirmação ou Crisma preparando-vos com cuidado e solicitude. Junto com a Eucaristia, esse é o sacramento da missão, porque nos dá a força e o amor do Espírito Santo para professar sem medo a fé. Encorajo-vos ainda à prática da adoração eucarística: permanecer à escuta e em diálogo com Jesus presente no Santíssimo Sacramento, torna-se ponto de partida para um renovado impulso missionário.

Se seguirdes este caminho, o próprio Cristo vos dará a capacidade de ser plenamente fiéis à sua Palavra e de testemunhá-Lo com lealdade e coragem. Algumas vezes sereis chamados a dar provas de perseverança, particularmente quando a Palavra de Deus suscitar reservas ou oposições. Em certas regiões do mundo, alguns de vós sofrem por não poder testemunhar publicamente a fé em Cristo, por falta de liberdade religiosa. E há quem já tenha pagado com a vida o preço da própria pertença à Igreja. Encorajo-vos a permanecer firmes na fé, certos de que Cristo está ao vosso lado em todas as provas. Ele vos repete: «Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus» (Mt 5,11-12).

7. Com toda a Igreja

Queridos jovens, para permanecer firmes na confissão da fé cristã nos vários lugares onde sois enviados, precisais da Igreja. Ninguém pode ser testemunha do Evangelho sozinho. Jesus enviou em missão os seus discípulos juntos: o mandato «fazei discípulos» é formulado no plural. Assim, é sempre como membros da comunidade cristã que prestamos o nosso testemunho, e a nossa missão torna-se fecunda pela comunhão que vivemos na Igreja: seremos reconhecidos como discípulos de Cristo pela unidade e o amor que tivermos uns com os outros (cf. Jo 13,35). Agradeço ao Senhor pela preciosa obra de evangelização que realizam as nossas comunidades cristãs, as nossas paróquias, os nossos movimentos eclesiais. Os frutos desta evangelização pertencem a toda a Igreja: «um é o que semeia e outro o que colhe», dizia Jesus (Jo 4,37).

A propósito, não posso deixar de dar graças pelo grande dom dos missionários, que dedicam toda a sua vida ao anúncio do Evangelho até os confins da terra. Do mesmo modo bendigo o Senhor pelos sacerdotes e os consagrados, que ofertam inteiramente as suas vidas para que Jesus Cristo seja anunciado e amado. Desejo aqui encorajar os jovens chamados por Deus a alguma dessas vocações, para que se comprometam com entusiasmo: «Há mais alegria em dar do que em receber!» (At 20,35). Àqueles que deixam tudo para segui-Lo, Jesus prometeu o cêntuplo e a vida eterna (cf. Mt 19,29).

Dou graças também por todos os fiéis leigos que se empenham por viver o seu dia-a-dia como missão, nos diversos lugares onde se encontram, tanto em família como no trabalho, para que Cristo seja amado e cresça o Reino de Deus. Penso particularmente em quantos atuam no campo da educação, da saúde, do mundo empresarial, da política e da economia, e em tantos outros âmbitos do apostolado dos leigos. Cristo precisa do vosso empenho e do vosso testemunho. Que nada – nem as dificuldades, nem as incompreensões – vos faça renunciar a levar o Evangelho de Cristo aos lugares onde vos encontrais: cada um de vós é precioso no grande mosaico da evangelização!

8. «Aqui estou, Senhor!»

Em suma, queridos jovens, queria vos convidar a escutar no íntimo de vós mesmos a chamada de Jesus para anunciar o seu Evangelho. Como mostra a grande estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o seu coração está aberto para amar a todos sem distinção, e seus braços estendidos para alcançar a cada um. Sede vós o coração e os braços de Jesus. Ide testemunhar o seu amor, sede os novos missionários animados pelo seu amor e acolhimento. Segui o exemplo dos grandes missionários da Igreja, como São Francisco Xavier e muitos outros.

No final da Jornada Mundial da Juventude em Madrid, dei a bênção a alguns jovens de diferentes continentes que partiam em missão. Representavam a multidão de jovens que, fazendo eco às palavras do profeta Isaías, diziam ao Senhor: «Aqui estou! Envia-me» (Is 6,8). A Igreja tem confiança em vós e vos está profundamente grata pela alegria e o dinamismo que trazeis: usai os vossos talentos generosamente ao serviço do anúncio do Evangelho. Sabemos que o Espírito Santo se dá a quantos, com humildade de coração, se tornam disponíveis para tal anúncio. E não tenhais medo! Jesus, Salvador do mundo, está conosco todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20).

Dirigido aos jovens de toda a terra, este apelo assume uma importância particular para vós, queridos jovens da América Latina. De fato, na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Aparecida, no ano de 2007, os bispos lançaram uma «missão continental». E os jovens, que constituem a maioria da população naquele continente, representam uma força importante e preciosa para a Igreja e para a sociedade. Por isso sede vós os primeiros missionários. Agora que a Jornada Mundial da Juventude retorna à América Latina, exorto todos os jovens do continente: transmiti aos vossos coetâneos do mundo inteiro o entusiasmo da vossa fé.

A Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, também invocada sob os títulos de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Guadalupe, acompanhe cada um de vós em vossa missão de testemunhas do amor de Deus. A todos, com especial carinho, concedo a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 18 de outubro de 2012.

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domingo, 4 de novembro de 2012

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA


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Caminhos de santidade

Você pode trilhar este caminho

“Festejamos a cidade do céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os santos, vos cercam e cantam eternamente o vosso louvor. Para esta cidade caminhamos pressurosos, peregrinando na penumbra da fé” (Prefácio da Missa de todos os Santos).

Neste final de semana, olhemos para cima buscando as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita do Pai (cf. Cl 3,1), pois Deus, que nos fez para a comunhão com Ele na eternidade, não pensou para nós o nivelamento no pecado na maldade, na corrupção. Fomos feitos para a perfeição, para a santidade. Ser santos é nossa vocação, partindo da santidade que é dom recebido no Batismo (1Jo 3,1-3) para percorrer os passos da santidade moral, dever de todo cristão. 


O reconhecimento da santidade de homens e mulheres, quando a Igreja celebra beatificações ou canonizações, como fez há poucos dias o Papa Bento XVI (cf. Homilia do Papa Bento XVI, no dia 21 de outubro de 2012) quer mostrar a todas as pessoas, de todas as classes sociais, idades e vocações que a proposta da vivência do Evangelho lhes é igualmente destinada. 

São Jacques Berthie, sacerdote jesuíta francês, missionário em Madagascar, lutou contra a injustiça levando alívio aos pobres e enfermos. Os malgaxes o consideravam um sacerdote vindo do céu e diziam: "Tu és o nosso 'pai e mãe'!" Morreu dizendo: "Prefiro antes morrer que renunciar à minha fé". Retidão e coerência na profissão de fé como bússola para a própria vida!

São Pedro Calungsod, catequista, evangelizador, mártir! Demonstrou grande fé e caridade, e continuou catequizando os seus muitos convertidos, dando testemunho de Cristo por meio de uma vida de pureza e dedicação ao Evangelho. A estrada da santidade é feita também para os jovens, dos quais se espera respostas corajosas!


Assista também: "Menino de nove anos pode se tornar santo"

São Giovanni Battista Piamarta, sacerdote de Brescia, na Itália, apóstolo da caridade e da juventude, dedicou-se ao progresso cristão, moral e profissional das novas gerações, com a sua esplêndida humanidade e bondade, com confiança inabalável na Providência Divina e profundo espírito de sacrifício. O segredo da sua vida, intensa e ativa, residia nas longas horas que ele dedicava à oração. Quando estava sobrecarregado pelo trabalho, aumentava o tempo do encontro, de coração a coração com o Senhor. Ser santo é ser criativo, buscar saídas novas para os problemas, olhar ao redor para descobrir o que é possível fazer para melhorar o mundo.

Santa Maria del Carmelo Salles y Barangueras, religiosa espanhola deixou a herança de uma obra educativa confiada à Virgem Imaculada, que continua a dar frutos abundantes entre os jovens e por meio da entrega generosa das suas filhas que, como ela, se confiam ao Deus que pode tudo. Santidade é contagiar outras pessoas com otimismo e virtude! Quem vai atrás de Jesus Cristo é seguido pelas outras pessoas, pois o exemplo arrasta!


Santa Marianne Cope, alemã, cuidou dos leprosos no Havaí, aceitou o convite para abrir uma casa para mulheres e meninas na Ilha de Molokai, partindo com coragem, onde cuidou do Padre Damião, então já famoso pelo seu trabalho heroico com os leprosos, assistindo-o até a sua morte e assumindo o seu trabalho com os leprosos. Procura-se gente que aceite desafios! Inscrições abertas em nossas igrejas!


Santa Kateri Tekakwitha, indígena, filha de pai Mohawk e de mãe Algoquin cristã, a qual lhe transmitiu a fé no Deus vivo. Batizada aos vinte anos de idade, manteve-se fiel às tradições culturais do seu povo, morreu com vinte e quatro anos. Levando uma vida simples, Kateri permaneceu fiel ao seu amor por Jesus, à oração e à Missa diária, receitas infalíveis para uma vida de perfeição cristã. Nela, fé e cultura se enriqueceram mutuamente! A ficha para a inscrição na Escola da santidade aceita pessoas de todas as raças, culturas e idades! Sejam também bem-vindos os povos indígenas!


A jovem Santa Anna Schäffer, nascida em uma família humilde, conseguiu, trabalhando como doméstica, ajuntar o dote então necessário para poder entrar na vida religiosa. Neste emprego, sofreu um grave acidente com queimaduras incuráveis nos seus pés, que a prenderam em um leito pelo resto da vida. Seu quarto de enferma se transformou em uma cela conventual, e o seu sofrimento, em serviço missionário. Seu apostolado de oração e de sofrimento, de oferta e de expiação seja um exemplo luminoso e que a sua intercessão fortaleça a atuação abençoada dos centros cristãos de curas paliativas para doentes terminais. A vaidade pessoal superada, a oferta da vida a Deus e aos irmãos sem perder tempo! Um roteiro na estrada das pessoas que “decidem em seu coração fazer a santa viagem”! (cf. Sl 83,6)


Esta é, quem sabe, uma nova espécie de ladainha, à qual se pode acrescentar uma lista de nomes e estilos de vida, inclusive o meu e o seu!Seja uma sadia propaganda para que as propostas das bem-aventuranças (Mt 5,1-12) encontrem eco no coração dos homens e mulheres de nosso tempo.
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA




FONTE: Canção Nova

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA


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Fé sem fronteiras

Jesus atravessou territórios por amor ao homem
Foi atravessando os desertos do preconceito que Jesus adentrou no território mais sagrado do ser humano: o coração. Em regiões pagãs onde cada tarde anunciava o fim das esperanças, Ele devolvia a cada pessoa o direito de ver o dia renascer com cores de ressurreição. Onde os limites das fronteiras da impureza serviam como obstáculos para a vivência do amor incondicional, Jesus Cristo ajudou cada um dos que Dele se aproximavam a descobrir que a Fé que carregavam na alma era sem fronteiras. 

Foi em um dia onde o sol escondia o brilho de uma linda manhã que se aproximou de Jesus uma mulher, cuja filha era atormentada por um demônio. Aquela mulher carregava na vida uma noite que não permitia a sua filha contemplar a estação de um novo tempo onde as flores pudessem devolver à vida a beleza de outros tempos. Nos limites da vida ela reconhecia em Jesus aquele que poderia ajudar a sua filha a vislumbrar uma manhã de possibilidades. 

Diante de Jesus aquela mulher reconhece sua condição de pagã. O fim das esperanças anunciada por muitas tardes começava a se transformar em sinais de um novo tempo que iria chegar. Jesus olhou além das aparências que aquela mulher trazia impressa nas páginas da história de sua vida já cansada de sofrimentos e dores. O olhar de Cristo adentrou o território pagão daquela vida e reconheceu no grito de uma mãe que clamava pela cura de sua filha, uma Fé que ultrapassava os limites das palavras. O clamor das lágrimas de outrora acendeu a chama da Fé adormecida no coração daquela mulher e transformou o inverno de angustias em uma linda manhã de primavera. 

Assista também: Por que caminhar com Jesus?, com o saudoso padre Léo 

Diante da dor estacionada no coração de cada ser humano os limites da Fé poderiam ultrapassar as fronteiras que impediam a vivência de uma nova vida de plenitude e paz. E foi assim que dois cegos se aproximaram de Jesus. Enquanto Jesus passava, os olhos da alma daqueles cegos se abriram para a possibilidade de terem a dignidade de suas vidas resgatadas. Diante dos olhares daquela sociedade eles haviam sido condenados por Deus, por terem cometido algum pecado muito grave. Excluídos da sociedade conviviam com o peso de carregarem nos ombros uma impureza imposta por outros. 

Jesus ao curar aqueles cegos desmascara um sistema religioso opressor que impedia os doentes de se sentirem amados por Deus. Os olhos da vida são abertos para que aqueles dois cegos possam testemunhar a misericórdia de um Deus que se compadece com a dor de seus filhos. As alegrias de um novo tempo deixaram para trás as noites da condenação. Eles agora podiam caminhar na luz de um novo tempo nascido da Fé que carregavam no coração. Só pode se despedir do medo quem com a Fé aprendeu a caminhar na confiança da misericórdia de Deus. 

As fronteiras da Fé se tornam sem limites a partir do momento em que as cercas da desconfiança são derrubadas e os campos da esperança são unidos pelo amor que depositamos em Deus. O que nos une em Cristo é a Fé que carregamos em nosso coração. Se nas incertezas da vida o medo quiser fazer morada em nossa alma será preciso construir um caminho que uma a nossa esperança ao amor que Cristo tem por cada um de nós. As tardes da vida somente são poéticas e belas quando a Fé é a certeza plena de um novo amanhecer. 
Foto
Padre Flávio Sobreiro
Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre - MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG.
www.facebook.com/peflaviosobreiroe http://www.flaviosobreiro.com


FONTE: Canção Nova

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - PROFESSOR FELIPE AQUINO


Há sempre duas maneiras de solucionar um problema
Muitos erros e sofrimentos acontecem porque queremos dar soluções facéis e rápidas para problemas difíceis; o que é um grave erro que causa sérios problemas.
Quanto mais difícil o problema, tanto mais difícil será a sua solução, pois não há solução fácil quando o problema é difícil. Na vida também é assim, não há solução fácil, cômoda, rápida e barata para os problemas difíceis. Mas, infelizmente, no campo do comportamento estamos cheios de “soluções fáceis”, que, em vez de solucionarem os problemas, os tornam ainda mais graves.
Há sempre duas maneiras de solucionar um problema: a primeira será “fácil”: improvisada, rápida, cômoda, sem sacrifícios e, muitas vezes, imoral. A segunda será “difícil”: demorada, planejada, árdua e dispendiosa. A segunda maneira de se resolver um problema será eficaz e duradoura; a primeira, inócua e falsa. Não se arrisque.É fácil, por exemplo, retirar o pobre da rua e escondê-lo das vistas dos turistas; contudo, é difícil retirar a miséria do pobre e promovê-lo, mas esta é a medida difícil e correta. É fácil limitar o número de nascimentos, é fácil esterilizar homens e mulheres em massa como se fossem animais; assim como é fácil distribuir pílulas… Contudo, é difícil implantar uma eficaz e digna paternidade responsável.
É fácil fazer a guerra; difícil manter a paz. É fácil distribuir preservativos e seringas para se evitar a Aids; mas é difícil ensinar as pessoas sobre o emprego moral do sexo e o valor da castidade…
O grande problema do mundo não é resolver os seus problemas, mas “como” resolvê-los. Nunca acredite numa solução fácil e rápida. A sabedoria popular já aprendeu que “o barato sai caro” e que “a pressa é inimiga da perfeição”. As soluções sérias são eficazes e duradouras; geradas no sofrimento, na oração, na paciência, nas lágrimas, no diálogo, na compreensão, entre outros.
Não há solução fácil para problema difícil. Esta é a pior tendência do homem moderno: querer resolver todos os problemas de maneira rápida, com soluções imediatistas, atropelando o tempo, a moral, os costumes, a fé e o próprio Deus. Por fim ele se dá conta de que correu em vão. Acostumado a lidar com as coisas, a técnica e as máquinas, o homem de hoje se esquece de que ele é dotado de uma alma transcedente e imortal.
O Papa João Paulo II nos ensinou que as soluções propostas por Jesus Cristo, para os graves problemas da humanidade, são difíceis, mas jamais decepcionam. Jamais eu vi alguém chorar porque viveu os preceitos do Evangelho, mas eu já vi muita gente chorar porque não quis vivê-los.
O Mestre disse que aquele que não pratica os Seus ensinamentos é como aquele que constrói a casa na areia; e logo esta é destruída pelas tempestades e correntezas. Todo problema tem uma solução; senão deixa de ser problema. A solução nem sempre é facíl, mas sempre existe.
Prof. Felipe Aquino
Artigos relacionados: A regra de ouro
A falsa paz espiritual

FONTE: Canção Nova

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA


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Amar é decisão

Como é amar de verdade?


“Amar é mudar a alma de casa.” (Mário Quintana)

O autor dessa frase, Mário Quintana, consegue de maneira muita real mostrar o quão verdadeiro é o Amor com que somos chamados a amar. Quem ama, necessariamente tem que sair do seu comodismo e mudar, “mudar de casa”. O Amor, exige de nós um desprendimento. Se não sairmos de nós mesmos em direção ao objeto do Amor, não amamos, mas seremos sempre egoístas, querendo que o amor nos sirva, nos console.

O ato de amar é característica dos fortes, de pessoas que conseguem dominar e conduzirem a própria vida, suas próprias escolhas. Amar sempre é uma ação, nunca nos deixa inertes, mas antes nos desafia a construirmos algo, ou melhor alguém. Quem que você hoje, com a sua capacidade de amar, está construindo? Cristo, por excelência amou-nos e mostrou-nos como devemos amar de maneira ativa: dando a vida, vivendo por aqueles que ama.

Assista também: "Conhecer para melhor amar", com o saudoso padre Léo

Não existe ninguém indiferente ao amor. Todos nós, não da mesma maneira, procuramos pelo amor. Muitos namoros não duram exatamente por que os namorados não têm a coragem de se darem, mas esperam sempre que isso parta do outro. Se nossa alma não “mudar de casa”, se não quisermos viver um relacionamento onde o respeito pelo outro vier em primeiro lugar, onde não procuremos amar a pessoa como ela precisa ser amada, se não vencermos os nossos egoísmos e limites, a nossa maneira de amar será doente ou no mínimo precária.

No dia de hoje, qual a qualidade do seu “amar”? Qual o sentido na sua vida dessa decisão, pois amor passa pelo sentimento, mas ele se torna autêntico quando passa a ser uma decisão. “Independente do que passemos juntos, eu me decido a te amar e a estar contigo! Com você sei que vale à pena!”

É desafiante sair do nosso comodismo, olhar para um “tu” e ver nele a possibilidade da construção da minha personalidade mediante a minha doação a essa pessoa. Mas ao mesmo tempo como é maravilhoso, depois de todo esse trabalho, olhar para tudo o que se passa pelo outro que amamos e percebermos como não somos mais dois, mas uma só alma!

Deus abençoe!
Luis Filipe - Com. Canção Nova
@cn_china
24/10/2012 - 08h00
Tags:amarDecisãoDeusconstruçãopessoa

FONTE: Canção Nova

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Coerência no Seguimento a Cristo

Por melhor que seja o caminho que optamos seguir, as nossas ações neste caminho que é bom, depende das nossas escolhas. Um coração orgulhoso mesmo estando em um caminho bom, pode se perder em si mesmo, em seus caprichos, vaidades. Um homem que compete um pensamento com outro, que quer ser melhor do que todos, que deseja ser elogiado, sabemos que a vangloria não nos leva para o céu. Se o nosso caminho é seguir o mestre, então vamos nos recordar:
Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”(Mc 9,30-37) ou “Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! (Mt 5,38)
ser humilde
Foto Wesley Almeida
Se não conseguimos viver esses ensinamentos nas situações rotineiras, nos enganamos a respeito da decisão que fizemos em seguir Jesus; Afinal o seguimento a Cristo é exigente, e só um coração humilde é capaz de responder concretamente ao chamado do Senhor em sua vida.
Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga.
( Mt 16,24)
Nós falamos que queríamos ser discípulos de Jesus, mas estamos cumprindo aquilo que respondemos? As renúncias estão acontecendo? Naquilo que falo, tenho pesado as palavras? Estamos de fato carregando a nossa cruz?

Lembrando a parábola do jovem rico, pensamos logo que nem ousou tentar seguir jesus; Porém não sabemos se aquele homem iria ser fiel a exigência do seguimento, talvez nem mesmo ele soubesse disso. O jovem rico poderia ter dado todos os bens aos pobres e ter seguido com o coração insatisfeito, ainda corrompido por aquilo que é material, ter seguido “no mais ou menos”, só porque precisava dar uma resposta positiva para o Senhor. Ele foi sincero consigo mesmo e com Jesus, percebeu que não conseguiria viver assim tal exigência, e foi embora muito triste.
Será exigido de nós de acordo com nosso comprometimento, compromisso que assumimos diante do Senhor. De acordo com os nossos pensamentos, nossas palavras e ações. É preciso lutar contra nosso orgulho que nos corrompe a cada dia, e nos afasta de Deus sem que percebamos. Não somos melhores que ninguém, apenas olhemos pra Jesus e imitemos as suas ações. Quando isso começar a acontecer na nossa vida, estaremos correspondendo coerentemente com a nossa escolha.
A humildade nos humilha ao ponto do nosso orgulho nos sufocar, pois este mau sentimento não quer morrer em nós. Esse orgulho nos leva a querer saborear um gosto de vitória em cima do nosso irmão, em uma disputa desenfreada de querer ser melhor e o primeiro. Precisamos agir com maturidade e sabedoria diante desses sentimentos e situações. O Espírito Santo é quem guia o coração humilde a fazer o que agrada o coração de Deus.
Vamos falar com Deus onde quer que estejamos agora, vamos falar como estamos, como temos agido nos últimos dias, o que precisa ser mudado em nós, no nosso temperamento, gestos, palavras, nos nossos relacionamentos com as pessoas ao nosso lado. Coloquemos as dificuldades que temos diante do Senhor e peçamos o Espírito Santo para converter, mudar o nosso ser. Apresentemos as pessoas que para nós são difíceis de lidar. Dai-nos a graça de vivermos a coerência da nossa decisão em ti seguir, que a tua palavra Senhor que nos seduziu seja mais forte que as nossas fraquezas humanas.

FONTE: Canção Nova

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

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Verdadeiras e falsas cruzes

Dor que faz bem e dor que faz mal
Há um fato indiscutível, e é que o sofrimento é nosso companheiro ao longo de todo o caminho da vida. E há um segundo fato, igualmente incontestável: conforme as pessoas - conforme a qualidade da alma das pessoas -, o sofrimento esmaga ou faz crescer, destrói ou amadurece.

Essa ambivalência da dor - que pode edificar ou arrasar - indica às claras que o problema, para qualquer ser humano, não reside no sofrimento que Deus envia ou permite que apareça na nossa vida, mas na atitude com que aceitamos ou rejeitamos essa cruz, que Deus nos propõe abraçar. Como sucedeu junto de Cristo no Calvário, a cruz rejeitada afundou o mau ladrão, e a cruz aceitada com humildade, com fé e com amor, salvou o bom.

Mas, ao lado dessas cruzes enviadas ou permitidas por Deus há outras que nem Deus quer nem nós queremos, mas aparecem. São as “falsas cruzes”, que nada trazem de bom. Em que consistem?

Trata-se das “cruzes” que nós mesmos “fabricamos”, “inventamos”, e que nunca deveriam ter existido. São as que aparecem só como conseqüência da nossa mesquinhez e dos nossos defeitos. A pessoa egoísta, ciumenta, invejosa, teimosa…, sofre muito e faz sofrer os outros. Mas esses sofrimentos não são “cruzes”, no sentido cristão da palavra. São apenas a destilação amarga do nosso egoísmo. Com certeza não são a vontade de Deus; pelo contrário, trata-se de pecados mais ou menos graves, que evidentemente Deus não quer, mas nós colocamos como pedras no caminho da vida.

Se fôssemos fazer as contas, veríamos que a maioria desses sofrimentos “fabricados” indevidamente por nós brotam de uma dupla fonte: a fonte do amor-próprio e a fonte do amor pequeno.

O amor-próprio é uma fonte de péssimas cruzes. Como o orgulho nos faz sofrer! Que feridas infeccionadas não provoca! Basta uma lufada de ar - uma pequena desconsideração ou indelicadeza -, e o amor-próprio sente-se atingido como por um punhal. Uma pessoa orgulhosa é incapaz de tolerar sem ficar magoada - sem se meter num calvário de sofrimentos íntimos - a menor humilhação, mesmo a causada involuntariamente. Fica alterada, abatida; grava a mágoa na memória e a vai remoendo lá dentro; cultiva-a na imaginação, aquece-a ao fogo da autocompaixão, vai engrossando-a à força de lhe dar importância, e termina fazendo dela uma tortura insuportável.

Assista também: "Encontre forças na cruz", com padre José Augusto 

Bastava que fosse um pouco mais humilde, que soubesse relevar minúcias, que se esforçasse um pouco por compreender, por desculpar, por oferecer a Deus as pequenas contrariedades, e não teria nem um miligrama dessa cruz ruim, que não é a cruz de Cristo.

Se a pessoa orgulhosa sofre com tormentos fabricados pelo orgulho, que dizer da invejosa? Sempre comparando-se com os outros, sente subirem-lhe ao coração ondas de melancolia, depressões enciumadas, revoltas contra a sorte e até protestos íntimos contra a Providência de Deus. Essa pessoa invejosa, que chora frustrações, foi ela própria a criadora da sua falsa “cruz”. Se tivesse um coração mais generoso, vislumbraria, feliz e agradecida - na mesma situação em que só vê infortúnios e injustiças da vida -, dez mil bondades de Deus e motivos de ação de graças, um panorama de miúdas e saborosas alegrias, que em vez de lágrimas ou revolta lhe poriam canções dentro da alma.

Vejamos agora a segunda fonte de cruzes doentias: a do amor pequeno. Já de início, poderíamos dizer que existe um sinal infalível de que o nosso amor é pequeno: o mau humor. Para quem ama pouco, toda a doação, toda a paciência, toda a compreensão solicitada pelo próximo é excessiva e aborrecida, qualquer sacrifício causa revolta ou malestar. O amor grande pratica generosidades grandes e nem se apercebe do sacrifício que faz. Como dizia Santo Agostinho: “Quando se ama, ou não se experimenta trabalho, ou o próprio trabalho é amado”.

Pelo contrário, o amor pequeno transforma uma palha numa “cruz” insuportável. Então, um sacrifício que caberia “dentro de um sorriso, esboçado por amor”, não cabe na vida e explode em forma de sofrimento irritado, com contínuos resmungos, queixas constantes e incessantes protestos. O mau humor é a sombra do amor pequeno, o sinal que o dá a conhecer.

Se olharmos de perto o que há por trás desse mau humor, veremos que, em noventa por cento dos casos, é simplesmente a pura e simples realidade da vida, com as suas incidências, lutas, dificuldades e esforços normais. Por outras palavras, o que há na raiz do mau humor é apenas a falta de aceitação da realidade, e da vontade de Deus no dia-a-dia.

É triste lamentar, como se fossem coisa do outro mundo, dificuldades que são normais. Não é nenhuma contrariedade inesperada o fato de que os outros tenham asperezas de caráter, de que o cumprimento do dever canse, de que alcançar metas profissionais custe muito, de que conseguir melhorar os nossos próprios defeitos ou os defeitos dos que nos cercam - especialmente os da mulher, do marido, dos filhos - seja algo lento e demorado. No entanto, é muito comum que, ao constatá-lo, nos sintamos indispostos, nos deixemos levar pelo aborrecimento, pela impaciência, pelo protesto, e percamos o bom humor. Reações de todo desproporcionadas e ridículas, pois lá onde nós imaginamos grandes “cruzes” está apenas a “vida”, a vida que, com um pouco mais de amor e bom humor, ficaria pontilhada de alegrias e coroada de ações de graças.

Cristo pede-nos que tomemos com amor a cruz de cada dia (Lc 9, 23), é certo, mas - lembrando o que dizia João Paulo I - essa cruz deveria ser carregada com o “sorriso cotidiano” e não fazendo dela a “tragédia cotidiana”. No entanto, muitos conseguem mudar o sorriso em tragédia. Bastam-lhes para tanto duas coisas: em primeiro lugar, amar pouco, como já víamos. Em segundo lugar, viver mergulhados num mundo de imaginações escapistas e sonhos irreais.

Muitos são os que reclamam do real - que é a vida, sempre rica em possibilidades de amar, de crescer por dentro, de fazer o bem - e passam a instalar-se, esterilmente, no mundo irreal das hipóteses: se eu tivesse essas outras condições pessoais, essa sorte, essa oportunidade profissional…; se a minha mulher fosse mais bonita, pacífica e econômica…; se o meu país tivesse uma economia mais confiável… E, assim, enquanto vivem no mundo do “tomara que”, atolam-se no que São Josemaria Escrivá chamava a “mística do oxalá”. Desse modo, estragam a realidade, que é a única que existe e que a cada instante nos oferece ocasiões de amar e de servir e, como conseqüência, de sermos felizes.

Quem reclama sem razão da cruz cotidiana perde a cruz de Deus e encontra a “cruz” do diabo. São cheias de sabedoria aquelas palavras da Imitação de Cristo que dizem: “Se levas com gosto a cruz, ela te levará. Se a levas a contragosto, acabas por torná-la mais pesada para ti e a ti mesmo te sobrecarregas. Se rejeitas uma cruz, sem dúvida encontrarás outra, e possivelmente mais pesada”.

Penso que essas reflexões podem ajudar-nos a distinguir, na nossa vida, entre as “verdadeiras” e as “falsas” cruzes. Peçamos a Deus que não nos permita atolar nas cruzes falsas, para que possamos amar as verdadeiras, que nos elevam até Deus.
Padre Francisco Faus
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FONTE: Canção Nova