domingo, 21 de março de 2010
FORMAÇÃO
CURA DOS RELACIONAMENTOS ENTRE CASAIS
Quanto mais Amor, menos cobrança
Todos nós sempre temos algum problema de relacionamento com alguém. Pedro e Paulo brigaram. Durante o caminho os apóstolos discutiam quem seria o maior.
Jesus é o Mestre dos relacionamentos. Muitas vezes, temos a imagem equivocada da pessoa que está ao nosso lado, por isso, há os desentendimentos.
Todo cônjuge faz a promessa de não abandonar o outro sob nehuma condição. Lembremos que Pedro também disse que estaria pronto para ir com o Senhor, tanto para a prisão como para a morte. No entanto, ele O negou! Ele não foi desonesto quando disse que morreria por Jesus.
Essa pessoa que casou com você, também fez juras de amor e não estava mentindo. Mas você pode até dizer: “Cadê a sua palavra? Você é homem ou não?” Talvez você tenha visto aquele sacerdote ardoroso abandonando o sacerdócio e muitos dizem: “Eu não acredito mais em padre”. Por que isso acontece? Porque somos de barro; essa é a realidade.
Reflita: Como é seu olhar para aquele que o traiu? É olhar de condenação? Ou olhar de acolhimento? São Paulo diz: “Quem julga que está de pé cuidado para não cair”.
Jesus escolheu Pedro para ficar no seu lugar a fim de dizer: “Vocês que caminham atrás dele são como ele”. Somos de barro, por isso que Cristo não se apavora.
Que maravilhava se o casal dissesse diante da traição: “Assim como você caiu eu posso cair”. Mas dizem: “Eu nunca te traí”. Pode até ser que o homem não tenha arrumado outra mulher; nem a mulher, outro homem, mas e nos outros sentidos da vida?
“Voltando-se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra do Senhor: Hoje, antes que o galo cante, negar-me-ás três vezes. Saiu dali e chorou amargamente” (Lucas 22, 61-62).
Jesus olhou para Pedro e, graças a esse olhar, este chorou amargamente. Esse olhar o salvou. Como é seu olhar para aquele que o traiu? É olhar de condenação? Ou olhar de acolhimento? Cristo diz que com a mesma medida com que medirmos os outros, seremos medidos. Por isso precisamos exercer essa misericórdia. O Senhor disse, através do Seu olhar, para o apóstolo: “Eu sei quem tu és”.
Na vida de casado, o ato sexual é o fechamento do amor total. O amor começa em âmbito espiritual, no interior da pessoa, na sua interioridade e se expande para o psiquismo, onde entra o esforço de ir ao encontro do outro sem cobrar. No entanto, o que mais se vê entre os casais é cobrança, já se casa cobrando o outro. Atitude de amor é atitude de querer o bem do outro. Não é só querer o bem ao outro, mas do outro. Se eu o amo, eu tenho força interior para querer o bem do outro; no momento em que entra a cobrança não é amor.
O amor começa em âmbito espiritual. O homem começa a sentir atração por uma mulher e vice-versa, eles começam a sentir o impulso na mente de ir ao encontro do outro para querer o bem. O namoro é a etapa em que o casal começa a ter comunhão de pessoa. Ao se olharem reciprocamente começam a perceber o que está no interior do outro; é uma fase de conhecimento. “Como você viveu?” “Quais os traumas você teve?” “Como é sua família?” Vão se conhecendo e vai havendo a comunhão entre ambos. Depois dessa comunhão eles vão co-habitar no matrimônio e se tornam uma só carne.
Quanto mais amor, menos cobrança. Quanto mais cobrança, menos amor. Se você que é casado decide viver essa realidade [de não cobrar o outro], seu casamento vai dar certo.
Nenhum casal deve tirar a aliança para que sempre se lembre de que fez uma aliança não para cobrar, mas para se doar. Como viver isso? Vejam como vocês cuidam dos filhos, tudo é de graça, vocês não exigem nada deles, só se consomem por eles. Amor total, cobrança zero!
Por que muitas mulheres amam mais os filhos que o marido? Porque os ama gratuitamente. Você mulher, você homem, pense nisso: “Vou fazer para meu cônjuge o que faço para meu filho”. E você vai ver como o relacionamento vai mudar.
Aqui está a cura dos relacionamentos: “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne” (Gênesis 2, 24); e no Evangelho de São Marcos, Jesus completa: “Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher” (Marcos 10,7).
Deixar não é só sair de casa, é ir deixando para trás as marcas, as feridas que cada um recebeu de sua casa. Muitas mulheres não se dão bem no casamento porque tiveram um pai alcoólatra, mulherengo, por isso a receita é “deixará” (cf. Mc 10,7), para que você vá se curando das feridas que você trouxe de sua casa.
O amor que vocês sentiram não é uma farsa, mas algo que Deus lhes deu. É deixar tudo que receberam de negativo, é todo um caminho, um processo, para que dia após dia vocês procurem recordar as feridas recebidas de casa, de forma as deixarem para trás.
Padre Alir Sanagiotto, SCJ
Pe. Alir Sanagiotto Ordenado sacerdote em 19/09/87, é membro da Congregação dos padres do Sagrado Coração de Jesus. Dedica-se de forma preferencial na escuta, no aconselhamento e no trabalho psicoespiritual dos fiéis. blog: http://blog.cancaonova.com/padrealir
FONTE: Canção Nova
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