segunda-feira, 29 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA


FORMAÇÕES

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Fé sem fronteiras

Jesus atravessou territórios por amor ao homem
Foi atravessando os desertos do preconceito que Jesus adentrou no território mais sagrado do ser humano: o coração. Em regiões pagãs onde cada tarde anunciava o fim das esperanças, Ele devolvia a cada pessoa o direito de ver o dia renascer com cores de ressurreição. Onde os limites das fronteiras da impureza serviam como obstáculos para a vivência do amor incondicional, Jesus Cristo ajudou cada um dos que Dele se aproximavam a descobrir que a Fé que carregavam na alma era sem fronteiras. 

Foi em um dia onde o sol escondia o brilho de uma linda manhã que se aproximou de Jesus uma mulher, cuja filha era atormentada por um demônio. Aquela mulher carregava na vida uma noite que não permitia a sua filha contemplar a estação de um novo tempo onde as flores pudessem devolver à vida a beleza de outros tempos. Nos limites da vida ela reconhecia em Jesus aquele que poderia ajudar a sua filha a vislumbrar uma manhã de possibilidades. 

Diante de Jesus aquela mulher reconhece sua condição de pagã. O fim das esperanças anunciada por muitas tardes começava a se transformar em sinais de um novo tempo que iria chegar. Jesus olhou além das aparências que aquela mulher trazia impressa nas páginas da história de sua vida já cansada de sofrimentos e dores. O olhar de Cristo adentrou o território pagão daquela vida e reconheceu no grito de uma mãe que clamava pela cura de sua filha, uma Fé que ultrapassava os limites das palavras. O clamor das lágrimas de outrora acendeu a chama da Fé adormecida no coração daquela mulher e transformou o inverno de angustias em uma linda manhã de primavera. 

Assista também: Por que caminhar com Jesus?, com o saudoso padre Léo 

Diante da dor estacionada no coração de cada ser humano os limites da Fé poderiam ultrapassar as fronteiras que impediam a vivência de uma nova vida de plenitude e paz. E foi assim que dois cegos se aproximaram de Jesus. Enquanto Jesus passava, os olhos da alma daqueles cegos se abriram para a possibilidade de terem a dignidade de suas vidas resgatadas. Diante dos olhares daquela sociedade eles haviam sido condenados por Deus, por terem cometido algum pecado muito grave. Excluídos da sociedade conviviam com o peso de carregarem nos ombros uma impureza imposta por outros. 

Jesus ao curar aqueles cegos desmascara um sistema religioso opressor que impedia os doentes de se sentirem amados por Deus. Os olhos da vida são abertos para que aqueles dois cegos possam testemunhar a misericórdia de um Deus que se compadece com a dor de seus filhos. As alegrias de um novo tempo deixaram para trás as noites da condenação. Eles agora podiam caminhar na luz de um novo tempo nascido da Fé que carregavam no coração. Só pode se despedir do medo quem com a Fé aprendeu a caminhar na confiança da misericórdia de Deus. 

As fronteiras da Fé se tornam sem limites a partir do momento em que as cercas da desconfiança são derrubadas e os campos da esperança são unidos pelo amor que depositamos em Deus. O que nos une em Cristo é a Fé que carregamos em nosso coração. Se nas incertezas da vida o medo quiser fazer morada em nossa alma será preciso construir um caminho que uma a nossa esperança ao amor que Cristo tem por cada um de nós. As tardes da vida somente são poéticas e belas quando a Fé é a certeza plena de um novo amanhecer. 
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Padre Flávio Sobreiro
Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre - MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG.
www.facebook.com/peflaviosobreiroe http://www.flaviosobreiro.com


FONTE: Canção Nova

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - PROFESSOR FELIPE AQUINO


Há sempre duas maneiras de solucionar um problema
Muitos erros e sofrimentos acontecem porque queremos dar soluções facéis e rápidas para problemas difíceis; o que é um grave erro que causa sérios problemas.
Quanto mais difícil o problema, tanto mais difícil será a sua solução, pois não há solução fácil quando o problema é difícil. Na vida também é assim, não há solução fácil, cômoda, rápida e barata para os problemas difíceis. Mas, infelizmente, no campo do comportamento estamos cheios de “soluções fáceis”, que, em vez de solucionarem os problemas, os tornam ainda mais graves.
Há sempre duas maneiras de solucionar um problema: a primeira será “fácil”: improvisada, rápida, cômoda, sem sacrifícios e, muitas vezes, imoral. A segunda será “difícil”: demorada, planejada, árdua e dispendiosa. A segunda maneira de se resolver um problema será eficaz e duradoura; a primeira, inócua e falsa. Não se arrisque.É fácil, por exemplo, retirar o pobre da rua e escondê-lo das vistas dos turistas; contudo, é difícil retirar a miséria do pobre e promovê-lo, mas esta é a medida difícil e correta. É fácil limitar o número de nascimentos, é fácil esterilizar homens e mulheres em massa como se fossem animais; assim como é fácil distribuir pílulas… Contudo, é difícil implantar uma eficaz e digna paternidade responsável.
É fácil fazer a guerra; difícil manter a paz. É fácil distribuir preservativos e seringas para se evitar a Aids; mas é difícil ensinar as pessoas sobre o emprego moral do sexo e o valor da castidade…
O grande problema do mundo não é resolver os seus problemas, mas “como” resolvê-los. Nunca acredite numa solução fácil e rápida. A sabedoria popular já aprendeu que “o barato sai caro” e que “a pressa é inimiga da perfeição”. As soluções sérias são eficazes e duradouras; geradas no sofrimento, na oração, na paciência, nas lágrimas, no diálogo, na compreensão, entre outros.
Não há solução fácil para problema difícil. Esta é a pior tendência do homem moderno: querer resolver todos os problemas de maneira rápida, com soluções imediatistas, atropelando o tempo, a moral, os costumes, a fé e o próprio Deus. Por fim ele se dá conta de que correu em vão. Acostumado a lidar com as coisas, a técnica e as máquinas, o homem de hoje se esquece de que ele é dotado de uma alma transcedente e imortal.
O Papa João Paulo II nos ensinou que as soluções propostas por Jesus Cristo, para os graves problemas da humanidade, são difíceis, mas jamais decepcionam. Jamais eu vi alguém chorar porque viveu os preceitos do Evangelho, mas eu já vi muita gente chorar porque não quis vivê-los.
O Mestre disse que aquele que não pratica os Seus ensinamentos é como aquele que constrói a casa na areia; e logo esta é destruída pelas tempestades e correntezas. Todo problema tem uma solução; senão deixa de ser problema. A solução nem sempre é facíl, mas sempre existe.
Prof. Felipe Aquino
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A falsa paz espiritual

FONTE: Canção Nova

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA


Formações

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Amar é decisão

Como é amar de verdade?


“Amar é mudar a alma de casa.” (Mário Quintana)

O autor dessa frase, Mário Quintana, consegue de maneira muita real mostrar o quão verdadeiro é o Amor com que somos chamados a amar. Quem ama, necessariamente tem que sair do seu comodismo e mudar, “mudar de casa”. O Amor, exige de nós um desprendimento. Se não sairmos de nós mesmos em direção ao objeto do Amor, não amamos, mas seremos sempre egoístas, querendo que o amor nos sirva, nos console.

O ato de amar é característica dos fortes, de pessoas que conseguem dominar e conduzirem a própria vida, suas próprias escolhas. Amar sempre é uma ação, nunca nos deixa inertes, mas antes nos desafia a construirmos algo, ou melhor alguém. Quem que você hoje, com a sua capacidade de amar, está construindo? Cristo, por excelência amou-nos e mostrou-nos como devemos amar de maneira ativa: dando a vida, vivendo por aqueles que ama.

Assista também: "Conhecer para melhor amar", com o saudoso padre Léo

Não existe ninguém indiferente ao amor. Todos nós, não da mesma maneira, procuramos pelo amor. Muitos namoros não duram exatamente por que os namorados não têm a coragem de se darem, mas esperam sempre que isso parta do outro. Se nossa alma não “mudar de casa”, se não quisermos viver um relacionamento onde o respeito pelo outro vier em primeiro lugar, onde não procuremos amar a pessoa como ela precisa ser amada, se não vencermos os nossos egoísmos e limites, a nossa maneira de amar será doente ou no mínimo precária.

No dia de hoje, qual a qualidade do seu “amar”? Qual o sentido na sua vida dessa decisão, pois amor passa pelo sentimento, mas ele se torna autêntico quando passa a ser uma decisão. “Independente do que passemos juntos, eu me decido a te amar e a estar contigo! Com você sei que vale à pena!”

É desafiante sair do nosso comodismo, olhar para um “tu” e ver nele a possibilidade da construção da minha personalidade mediante a minha doação a essa pessoa. Mas ao mesmo tempo como é maravilhoso, depois de todo esse trabalho, olhar para tudo o que se passa pelo outro que amamos e percebermos como não somos mais dois, mas uma só alma!

Deus abençoe!
Luis Filipe - Com. Canção Nova
@cn_china
24/10/2012 - 08h00
Tags:amarDecisãoDeusconstruçãopessoa

FONTE: Canção Nova

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA



Coerência no Seguimento a Cristo

Por melhor que seja o caminho que optamos seguir, as nossas ações neste caminho que é bom, depende das nossas escolhas. Um coração orgulhoso mesmo estando em um caminho bom, pode se perder em si mesmo, em seus caprichos, vaidades. Um homem que compete um pensamento com outro, que quer ser melhor do que todos, que deseja ser elogiado, sabemos que a vangloria não nos leva para o céu. Se o nosso caminho é seguir o mestre, então vamos nos recordar:
Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”(Mc 9,30-37) ou “Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! (Mt 5,38)
ser humilde
Foto Wesley Almeida
Se não conseguimos viver esses ensinamentos nas situações rotineiras, nos enganamos a respeito da decisão que fizemos em seguir Jesus; Afinal o seguimento a Cristo é exigente, e só um coração humilde é capaz de responder concretamente ao chamado do Senhor em sua vida.
Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga.
( Mt 16,24)
Nós falamos que queríamos ser discípulos de Jesus, mas estamos cumprindo aquilo que respondemos? As renúncias estão acontecendo? Naquilo que falo, tenho pesado as palavras? Estamos de fato carregando a nossa cruz?

Lembrando a parábola do jovem rico, pensamos logo que nem ousou tentar seguir jesus; Porém não sabemos se aquele homem iria ser fiel a exigência do seguimento, talvez nem mesmo ele soubesse disso. O jovem rico poderia ter dado todos os bens aos pobres e ter seguido com o coração insatisfeito, ainda corrompido por aquilo que é material, ter seguido “no mais ou menos”, só porque precisava dar uma resposta positiva para o Senhor. Ele foi sincero consigo mesmo e com Jesus, percebeu que não conseguiria viver assim tal exigência, e foi embora muito triste.
Será exigido de nós de acordo com nosso comprometimento, compromisso que assumimos diante do Senhor. De acordo com os nossos pensamentos, nossas palavras e ações. É preciso lutar contra nosso orgulho que nos corrompe a cada dia, e nos afasta de Deus sem que percebamos. Não somos melhores que ninguém, apenas olhemos pra Jesus e imitemos as suas ações. Quando isso começar a acontecer na nossa vida, estaremos correspondendo coerentemente com a nossa escolha.
A humildade nos humilha ao ponto do nosso orgulho nos sufocar, pois este mau sentimento não quer morrer em nós. Esse orgulho nos leva a querer saborear um gosto de vitória em cima do nosso irmão, em uma disputa desenfreada de querer ser melhor e o primeiro. Precisamos agir com maturidade e sabedoria diante desses sentimentos e situações. O Espírito Santo é quem guia o coração humilde a fazer o que agrada o coração de Deus.
Vamos falar com Deus onde quer que estejamos agora, vamos falar como estamos, como temos agido nos últimos dias, o que precisa ser mudado em nós, no nosso temperamento, gestos, palavras, nos nossos relacionamentos com as pessoas ao nosso lado. Coloquemos as dificuldades que temos diante do Senhor e peçamos o Espírito Santo para converter, mudar o nosso ser. Apresentemos as pessoas que para nós são difíceis de lidar. Dai-nos a graça de vivermos a coerência da nossa decisão em ti seguir, que a tua palavra Senhor que nos seduziu seja mais forte que as nossas fraquezas humanas.

FONTE: Canção Nova

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - PEDRAS VIVAS


FORMAÇÕES

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Verdadeiras e falsas cruzes

Dor que faz bem e dor que faz mal
Há um fato indiscutível, e é que o sofrimento é nosso companheiro ao longo de todo o caminho da vida. E há um segundo fato, igualmente incontestável: conforme as pessoas - conforme a qualidade da alma das pessoas -, o sofrimento esmaga ou faz crescer, destrói ou amadurece.

Essa ambivalência da dor - que pode edificar ou arrasar - indica às claras que o problema, para qualquer ser humano, não reside no sofrimento que Deus envia ou permite que apareça na nossa vida, mas na atitude com que aceitamos ou rejeitamos essa cruz, que Deus nos propõe abraçar. Como sucedeu junto de Cristo no Calvário, a cruz rejeitada afundou o mau ladrão, e a cruz aceitada com humildade, com fé e com amor, salvou o bom.

Mas, ao lado dessas cruzes enviadas ou permitidas por Deus há outras que nem Deus quer nem nós queremos, mas aparecem. São as “falsas cruzes”, que nada trazem de bom. Em que consistem?

Trata-se das “cruzes” que nós mesmos “fabricamos”, “inventamos”, e que nunca deveriam ter existido. São as que aparecem só como conseqüência da nossa mesquinhez e dos nossos defeitos. A pessoa egoísta, ciumenta, invejosa, teimosa…, sofre muito e faz sofrer os outros. Mas esses sofrimentos não são “cruzes”, no sentido cristão da palavra. São apenas a destilação amarga do nosso egoísmo. Com certeza não são a vontade de Deus; pelo contrário, trata-se de pecados mais ou menos graves, que evidentemente Deus não quer, mas nós colocamos como pedras no caminho da vida.

Se fôssemos fazer as contas, veríamos que a maioria desses sofrimentos “fabricados” indevidamente por nós brotam de uma dupla fonte: a fonte do amor-próprio e a fonte do amor pequeno.

O amor-próprio é uma fonte de péssimas cruzes. Como o orgulho nos faz sofrer! Que feridas infeccionadas não provoca! Basta uma lufada de ar - uma pequena desconsideração ou indelicadeza -, e o amor-próprio sente-se atingido como por um punhal. Uma pessoa orgulhosa é incapaz de tolerar sem ficar magoada - sem se meter num calvário de sofrimentos íntimos - a menor humilhação, mesmo a causada involuntariamente. Fica alterada, abatida; grava a mágoa na memória e a vai remoendo lá dentro; cultiva-a na imaginação, aquece-a ao fogo da autocompaixão, vai engrossando-a à força de lhe dar importância, e termina fazendo dela uma tortura insuportável.

Assista também: "Encontre forças na cruz", com padre José Augusto 

Bastava que fosse um pouco mais humilde, que soubesse relevar minúcias, que se esforçasse um pouco por compreender, por desculpar, por oferecer a Deus as pequenas contrariedades, e não teria nem um miligrama dessa cruz ruim, que não é a cruz de Cristo.

Se a pessoa orgulhosa sofre com tormentos fabricados pelo orgulho, que dizer da invejosa? Sempre comparando-se com os outros, sente subirem-lhe ao coração ondas de melancolia, depressões enciumadas, revoltas contra a sorte e até protestos íntimos contra a Providência de Deus. Essa pessoa invejosa, que chora frustrações, foi ela própria a criadora da sua falsa “cruz”. Se tivesse um coração mais generoso, vislumbraria, feliz e agradecida - na mesma situação em que só vê infortúnios e injustiças da vida -, dez mil bondades de Deus e motivos de ação de graças, um panorama de miúdas e saborosas alegrias, que em vez de lágrimas ou revolta lhe poriam canções dentro da alma.

Vejamos agora a segunda fonte de cruzes doentias: a do amor pequeno. Já de início, poderíamos dizer que existe um sinal infalível de que o nosso amor é pequeno: o mau humor. Para quem ama pouco, toda a doação, toda a paciência, toda a compreensão solicitada pelo próximo é excessiva e aborrecida, qualquer sacrifício causa revolta ou malestar. O amor grande pratica generosidades grandes e nem se apercebe do sacrifício que faz. Como dizia Santo Agostinho: “Quando se ama, ou não se experimenta trabalho, ou o próprio trabalho é amado”.

Pelo contrário, o amor pequeno transforma uma palha numa “cruz” insuportável. Então, um sacrifício que caberia “dentro de um sorriso, esboçado por amor”, não cabe na vida e explode em forma de sofrimento irritado, com contínuos resmungos, queixas constantes e incessantes protestos. O mau humor é a sombra do amor pequeno, o sinal que o dá a conhecer.

Se olharmos de perto o que há por trás desse mau humor, veremos que, em noventa por cento dos casos, é simplesmente a pura e simples realidade da vida, com as suas incidências, lutas, dificuldades e esforços normais. Por outras palavras, o que há na raiz do mau humor é apenas a falta de aceitação da realidade, e da vontade de Deus no dia-a-dia.

É triste lamentar, como se fossem coisa do outro mundo, dificuldades que são normais. Não é nenhuma contrariedade inesperada o fato de que os outros tenham asperezas de caráter, de que o cumprimento do dever canse, de que alcançar metas profissionais custe muito, de que conseguir melhorar os nossos próprios defeitos ou os defeitos dos que nos cercam - especialmente os da mulher, do marido, dos filhos - seja algo lento e demorado. No entanto, é muito comum que, ao constatá-lo, nos sintamos indispostos, nos deixemos levar pelo aborrecimento, pela impaciência, pelo protesto, e percamos o bom humor. Reações de todo desproporcionadas e ridículas, pois lá onde nós imaginamos grandes “cruzes” está apenas a “vida”, a vida que, com um pouco mais de amor e bom humor, ficaria pontilhada de alegrias e coroada de ações de graças.

Cristo pede-nos que tomemos com amor a cruz de cada dia (Lc 9, 23), é certo, mas - lembrando o que dizia João Paulo I - essa cruz deveria ser carregada com o “sorriso cotidiano” e não fazendo dela a “tragédia cotidiana”. No entanto, muitos conseguem mudar o sorriso em tragédia. Bastam-lhes para tanto duas coisas: em primeiro lugar, amar pouco, como já víamos. Em segundo lugar, viver mergulhados num mundo de imaginações escapistas e sonhos irreais.

Muitos são os que reclamam do real - que é a vida, sempre rica em possibilidades de amar, de crescer por dentro, de fazer o bem - e passam a instalar-se, esterilmente, no mundo irreal das hipóteses: se eu tivesse essas outras condições pessoais, essa sorte, essa oportunidade profissional…; se a minha mulher fosse mais bonita, pacífica e econômica…; se o meu país tivesse uma economia mais confiável… E, assim, enquanto vivem no mundo do “tomara que”, atolam-se no que São Josemaria Escrivá chamava a “mística do oxalá”. Desse modo, estragam a realidade, que é a única que existe e que a cada instante nos oferece ocasiões de amar e de servir e, como conseqüência, de sermos felizes.

Quem reclama sem razão da cruz cotidiana perde a cruz de Deus e encontra a “cruz” do diabo. São cheias de sabedoria aquelas palavras da Imitação de Cristo que dizem: “Se levas com gosto a cruz, ela te levará. Se a levas a contragosto, acabas por torná-la mais pesada para ti e a ti mesmo te sobrecarregas. Se rejeitas uma cruz, sem dúvida encontrarás outra, e possivelmente mais pesada”.

Penso que essas reflexões podem ajudar-nos a distinguir, na nossa vida, entre as “verdadeiras” e as “falsas” cruzes. Peçamos a Deus que não nos permita atolar nas cruzes falsas, para que possamos amar as verdadeiras, que nos elevam até Deus.
Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/

FONTE: Canção Nova

terça-feira, 16 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA


                                              O PRIMEIRO PASSO PARA O PERDÃO             
                
O Senhor nos convida a fazer uma travessia como aquele povo de Deus [os filhos de Israel] fez ao atravessar o rio Jordão. Eles, passando o rio, entrariam na Terra Santa, na terra prometida, depois de caminharem quarenta anos, vindos do Egito, onde foram escravos por quatrocentos anos.

Assim como Deus fez com que eles atravessassem o mar Vermelho, também tinham de atravessar o rio Jordão. Deus mandou que os sacerdotes pegassem a Arca da Aliança e atravessassem o rio, dando passos na fé, pois, dessa forma, ele [rio] iria se dividir. As águas então escorreram e um vão foi se abrindo. Os sacerdotes pararam no meio do rio com a arca e o povo passou de pé enxuto.

"Meus irmãos, hoje é o dia de darmos o passo do perdão", exorta monsenhor Jonas


Hoje estamos sendo convidados a fazer uma travessia assim, ou seja, a dar um passo na fé. Em Mt 18,21-35, quando Pedro pergunta a Jesus quantas vezes era preciso perdoar, o Senhor conta-lhe a parábola do patrão que agiu com justiça diante de seu empregado, e este, pedindo-lhe misericórdia, foi perdoado. Contudo, quando o empregado saiu de onde estava o patrão, encontrou um colega que lhe devia um valor mínimo, mas ele exigiu que este lhe pagasse a dívida. O colega, assim como o outro fizera antes, também lhe pediu misericórdia, pedindo-lhe que perdoasse sua dívida com ele. Mas o homem não lhe concedeu perdão e agiu com justiça. Então, Jesus disse a Pedro: "É assim que meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração o seu irmão" (Mt 18,35).

É esse o passo de fé que precisamos dar. Existem dois caminhos: o da justiça e o da misericórdia. Mas você não pode ir pelos dois caminhos, não dá para fazer as duas coisas. Se estamos no caminho da justiça, e assim tratamos os outros, não lhes perdoando, Deus vai usar conosco também da mesma justiça e não da misericórdia. E ai de nós se Deus usar de justiça conosco e não a misericórdia!

Meus irmãos, hoje é o dia de darmos o passo do perdão; mas nos assustamos com isso porque perdoar é difícil. A nossa grande dificuldade é pensar que – ao perdoar – estamos dando razão ao outro ou que ele não tem mais nenhuma dívida conosco.

Já agora, vá abrindo o seu coração e se dispondo a perdoar. Muitas vezes, enroscamo-nos em coisas pequenas e não perdoamos. E o perdão não dado, causa-nos o ressentimento.

Perdoar é o melhor para nós, é questão de inteligência. Perdoa, meu filho! É preciso dar este passo; você vai ver como aquilo que o estava fazendo infeliz vai desaparecer e você fará o seu caminho.

Muito mais do que falar a respeito de perdão, é preciso pedir ao Senhor e dispor o coração para que, na força de Deus, nós consigamos perdoar. Faça isso concretamente: "Senhor, dê-me a força de perdoar, diante disso eu perdôo". Diga o nome da pessoa e a situação que feriu você.

Durante o dia, você vai se lembrar de outras coisas, porque o Espírito Santo vai agir. A graça de Deus já está operando em você.

Ore assim durante todo este dia: "Senhor, traga à tona aqueles a quem eu preciso perdoar, porque, pela Sua graça, estou disposto a perdoá-los. Amém".

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova



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Monsenhor Jonas Abib



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FONTE: Canção Nova

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - PEDRAS VIVAS

                       

                        

                                                CRISTÃO JÁ NASCE MISSIONÁRIO



                          A missão fundamental de um cristão é anunciar Jesus onde ele estiver


                 "A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser «sacramento universal de salvação», por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo a um mandato do seu fundador, procura    incansavel- mente anunciar o Evangelho a todos os homens." (Decreto - Ad Gentes) É com esta expressão que o  Con-
cílio Vaticano II inicia a sua definição sobre a missão da Igreja, enquanto denominada "Sacramento  Univer-
sal da Salvação", a todos os povos do mundo inteiro.

Sacramento, pois nela Cristo é a cabeça, onde todo o povo se torna membro. Anunciar o Evangelho   (Boa
Nova), não é somente missão do Clero, mas de todo o povo. Enquanto Igreja, cada um dos batizados   são
chamados a dar o seu testemunho de vida, revelando em seu cotidiano a pessoa de Jesus. Quando   assumiu a sua missão confiada aos Apóstolos naquele acontecimento de Pentecostes, a Igreja nascia sob a força     e inspiração do Espírito Santo. Portanto, não é um acontecimento puramente humano, onde o homem pudesse se gloriar de estar criando alguma coisa da própria consciência e capacidade.

Jesus anunciou aos discípulos o Reino de Deus; ensinou, instruiu e prometeu ficar com eles até o fim       dos
tempos; e cumpriu a sua promessa. Assim, como subiu em sua glória ao Pai, ele voltou na pessoa do Espíri-
to Santo, tornando-se Ele mesmo a cabeça da Igreja, onde todos nós formamos, com Ele, o seu corpo.
Então, não se trata de uma escolha nossa, mas ao sermos batizados, ganhamos também uma missão:  Anun-
ciar ao mundo aquilo que experimentamos: Jesus! Essa é a nossa missão e a Igreja está inteiramente   aberta
a novos desafios, onde, pela Luz do Espírito Santo, recebemos variedades de dons e carismas para anunciar
Jesus ao mundo. Aquele que aderir ao projeto de salvação, torna-se capaz de penetrar nos mistérios divinos e receber do Senhor as vias para a vida missionária.

                  "Com efeito, todos os fiéis cristãos, onde quer que vivam, têm obrigação de manifestar,       pelo exemplo da vida e pelo testemunho da palavra, o homem novo de que se revestiram pelo Batismo, e a virtu- de do Espírito Santo por quem na Confirmação foram robustecidos, de tal modo que os demais homens, ao verem as suas boas obras, glorifiquem o Pai  e compreendam, mais plenamente o sentido genuíno da     vida humana e o vínculo universal da comunidade humana." (Ad Gentes Art. 1, 11)
Portanto, é assumindo a nossa missão que nos tornamos uma Igreja viva, missionária e participativa.


Deus seja louvado e adorado!


Carlos A. Batista - Pedras Vivas




           

sábado, 13 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA

                                         COMO PODEMOS VIVER O ANO DA FÉ?


“Jesus é o centro da fé cristã. O cristão crê em Deus através de Jesus Cristo, que nos revelou a face de Deus”.


                           
Bento XVI abre oficialmente o Ano da Fé

Jéssica Marçal
Da Redação


Flickr news.va
O Papa Bento XVI durante celebração eucarística que abriu oficialmente o Ano da Fé
O Papa Bento XVI abriu oficialmente o Ano da Fé com uma Santa Missa realizada no Vaticano na manhã desta quinta-feira, 11. A proposta do Pontífice é que este seja um tempo de reflexão para que fiéis católicos de todo o mundo possam redescobrir os valores da sua fé.

Acesse
.: NA ÍNTEGRA: Homilia do Papa Bento XVI na abertura do Ano da Fé - 11/10/2012

.: Todas as notícias sobre o Ano da Fé 
.: Ver fotos no flickr

No dia em que também se comemoram os 50 anos do início do Concílio Vaticano II, o Papa presidiu a celebração eucarística com a participação de 400 concelebrantes. Entre eles, estavam alguns brasileiros, como o cardeal arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, que também é presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Fazendo memória ao jubileu de ouro do Concílio, um acontecimento que marcou a vida da Igreja, o Papa explicou que a celebração foi enriquecida com alguns sinais específicos. A procissão inicial quis lembrar a procissão dos Padres conciliares, houve a entronização do Evangeliário, que é uma cópia daquele utilizado durante o Concílio e a entrada das sete mensagens finais do Concílio e do Catecismo da Igreja Católica.

“Estes sinais não nos fazem apenas recordar, mas também nos oferecem a possibilidade de ir além da comemoração. Eles nos convidam a entrar mais profundamente no movimento espiritual que caracterizou o Vaticano II, para que se possa assumi-lo e levá-lo adiante no seu verdadeiro sentido”, disse.

O Papa explicou que o Ano da Fé está em coerência com todo o caminho da Igreja nos últimos 50 anos, desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus, Paulo VI até chegar ao Jubileu do ano 2000, em que o Bem-Aventurado João Paulo II propôs à humanidade Jesus Cristo como único Salvador.

“Jesus é o centro da fé cristã. O cristão crê em Deus através de Jesus Cristo, que nos revelou a face de Deus”, enfatizou o Papa. Ele lembrou que, como diz o Evangelho do dia, Jesus Cristo é o “o verdadeiro e perene sujeito da evangelização”.
Por que ter um Ano da Fé?

Ainda na homilia, o Papa Bento XVI explicou que a Igreja proclama um novo Ano da Fé não para “prestar honras a uma efeméride”, mas sim porque é necessário, mais ainda do que 50 anos atrás.

Isso porque nos últimos decênios o Papa lembrou que se tem visto o avanço de uma “desertificação” espiritual, um vazio que se espalhou. Mas estas situações, de acordo com o ele, permitem redescobrir a alegria e a importância de crer.

“No deserto é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas vezes expressos implícita ou negativamente”.

Dessa forma, Bento XVI explicou que o modo de representar este Ano da Fé é como uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o essencial. “... nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas - como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão (cf. Lc 9,3), mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como é o Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos”.

Concílio Vaticano II

Sobre o Concílio, Bento XVI destacou que seu objetivo não foi colocar a fé como tema de um documento específico. No entanto, ele explicou que o Concílio foi animado pela consciência e pelo desejo de “imergir mais uma vez no mistério cristão, para poder propô-lo novamente e eficazmente para o homem contemporâneo”.

O Santo Padre também enfatizou que numa ocasião como esta de hoje, o mais importante é reavivar na Igreja aquele desejo ardente que se teve no Concílio de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo.

“Mas para que este impulso interior à nova evangelização não seja só um ideal e não peque de confusão, é necessário que ele se apóie sobre uma base concreta e precisa, e esta base são os documentos do Concílio Vaticano II, nos quais este impulso encontrou a sua expressão”.

Assista homilia na íntegra


Leia mais
.: Bento XVI concede Indulgência plenária por ocasião do Ano da Fé
.: Como devo conduzir o Ano da Fé na minha vida? 


FONTE: Canção Nova

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA




Peça ao Senhor a pessoa certa

Hoje, Salette Ferreira nos convida a rezar por todos àqueles que estão em busca da pessoa certa.

A missionária ressalta que muitas pessoas querem encontrar o seu “José” e a sua “Maria” para terem uma família feliz, mas ela diz que, para ter felicidade é preciso escolher a pessoa certa, que lhe ajudará a caminhar para Deus.

A primeira coisa a se perceber é se a pessoa o levará para o caminho do céu, depois você vê se os pensamentos e as atitudes são iguais. Não se pode escolher somente pela aparência. Se a pessoa tiver essa principal característica e possuir qualidades, tenha certeza de que você terá uma família muito feliz.
A Palavra está em São Provérbios 16,1-3: “Ao ser humano cabem os projetos, mas a resposta pertence ao SENHOR. Aos olhos humanos são limpos todos os caminhos, mas é o SENHOR quem avalia os espíritos. Revela ao SENHOR tuas tarefas, e teus projetos se realizarão.”
Assista ao Grupo de Oração:


“Entregue agora seus projetos de vida a dois, seu namoro, seu casamento ao Senhor, pois é Ele quem vai avaliar se esse relacionamento é bom ou não, se vai levar você para a santidade ou vai lhe desviar dos caminhos de Deus. Peça a ajuda do Espírito Santo e diga ao Senhor: ‘Manda seu Santo Espírito sobre mim, sobre a minha mente, meus sentimentos e meu coração e mostra-me se essa pessoa que está ao meu lado é, de verdade, aquela que o Senhor tem para mim. Coloca no meu caminho àquele que está em Seu coração’,”

Salette fala a todos que se sentem deixados de lado, que não se preocupem, pois Deus reserva uma pessoa especial para cada um. Ela diz que é melhor viver sozinho, na presença do Senhor, do que com pessoas que possam destruir a sua vida e lhe desviar dos caminhos de Deus.

“Louve a Deus por você estar sozinho, Ele está preservando você por um bem maior. Agradeça ao Senhor dizendo que você sabe que Ele tem a pessoa certa para sua vida e que você caminha sozinho, com a certeza de que se o matrimônio for a sua vocação, o Senhor lhe mostrará pessoa certa na hora certa.

A missionária também orienta a todos que namoram dizendo: “Peça a Deus sabedoria necessária para ver se esta pessoa que está com você é a pessoa certa, peça a Ele coragem para romper e reconhecer um relacionamento que não o leva para Deus. Veja se os frutos desse seu namoro são bons ou não. Se não forem, que você acabe com esse relacionamento e deixe-se conduzir por Deus de agora em diante. Ele tem o melhor para você.”

A missionária termina, pedindo a intercessão da Virgem Maria em todas as nossas decisões e escolhas. “Rogai por nós Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo, amém.”

Obrigado a você que nos acompanha.
Até o próximo Grupo de Oração ‘Amor Maior’



Deixe-nos uma sugestão de tema para as próximas edições do grupo de oração 'Amor Maior'. Deixe também seu testemunho.

FONTE: Canção Nova

FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA


FORMAÇÕES

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A imaginação

Ela é a louca da casa
Nenhuma pessoa prudente escolheria um doido como conselheiro para os problemas mais delicados da sua vida. Todos nós qualificaríamos de imprudente e pouco sensato quem se comportasse desse modo. Esta verdade, tão clara e evidente na vida e nos negócios, não o é tanto, pelo menos na prática, na vida interior e no problema da nossa santificação. A imaginação é uma doida – a doida da casa, como a qualificava Santa Teresa, com o seu habitual bom-humor – e, no entanto, a escolhemos, mais ou menos inconscientemente, para conselheira dos problemas mais delicados da nossa alma.

Esta doida que nos distrai com o seu alarido e nos dissipa com a sua agitação; que nos comunica os seus temores e nos perturba com as suas apreensões, que nos sussurra ao ouvido suspeitas infundadas, que nos tiraniza com as suas ambições e nos morde com a sua inveja; esta doida que nos faz abandonar a realidade com sonhos fantasiosos, cheios de euforia ou de pessimismo, e que instila em nós, suavemente, o veneno da sensualidade e do amor-próprio; esta doida – sabemo-lo por experiência – é a grande inimiga da nossa vida interior, é a eterna aliada do mundo, do demônio e da carne.

É ela que perturba a tua vida de oração, que te faz temer a mortificação; é ela que introduz na tua alma a tentação da carne e da soberba, que falseia o teu conhecimento de Deus e te priva do sentido sobrenatural; é ela que te embala no sonho da frivolidade ou te submerge no letargo da tibieza; é ela que extingue o fogo da caridade ou acende o da desconfiança e da discórdia. Doida, como um cavalo fogoso; inquieta, como uma borboleta. Se não a dominas e orientas, nunca serás alma interior e sobrenatural. Se não a dominas, nunca poderás fruir daquela calma serena que é tão necessária para servir a Deus. Se não a refreias, nunca alcançarás aquele realismo que é uma exigência da vida de santidade.

Calma, realismo, serenidade, objetividade: virtudes que nascem onde termina a tirania da imaginação; virtudes que crescem e se fortificam no esforço ascético por dominar e controlar a fantasia. Dizia-te que é grande a tirania da imaginação. Tão grande que chega a alterar as ideias, a falsear as situações da vida, a deformar as pessoas. O Evangelho oferece-nos uma prova muito eloqüente desta tirania. O lago de Genesaré: uma escura noite de tempestade; os Apóstolos têm de remar com a máxima energia, lutando contra um vento forte em sentido contrário. A pequena barca, sacudida pelas ondas, abriga doze homens que se esforçam desesperadamente por resistir à força impetuosa do vento. Jesus retirou-se a um monte vizinho para orar. Na quarta vigília da noite, aproxima-se dos Apóstolos caminhando sobre as águas. E os doze... vendo Jesus, que caminhava sobre as águas, perturbam-se e exclamam: é um fantasma! 

Assista também: "Libertos por Jesus", com o saudoso padre Léo

Vê: a adorável figura do Mestre, que se aproxima para ficar com eles, para os ajudar, para acalmar a tempestade impondo silêncio às ondas com a sua palavra imperiosa, assume naquelas imaginações o aspecto de um fantasma, que lhes mete medo e os perturba. Quantas vezes este episódio evangélico se repete em nossas vidas! Em quantas ocasiões a nossa alma, vítima da imaginação, se enche de temor e fica perturbada! Brincadeiras da fantasia, fantasmas da imaginação, essas são as cruzes imaginárias que frequentemente nos atormentam, oprimindo-nos com o seu peso. Não exagero se te digo que noventa por cento dos nossos sofrimentos, desses sofrimentos que, com pouco conhecimento da Cruz de Cristo, qualificamos como cruzes, são imaginários, pelo menos aumentados e deformados pela cruel tirania da nossa imaginação. É por isso que nos pesam e nos enfraquecem tanto as nossas cruzes humanas e inventadas.

Se tudo o que nos faz sofrer tanto e nos oprime tão violentamente fosse verdadeiramente a cruz que o Senhor nos manda, a Cruz de Jesus, uma vez que a tivéssemos reconhecido como tal e com fé e amor a tivéssemos aceito, não deveria pesar-nos nem oprimir-nos mais. Porque a Cruz de Jesus, a Santa Cruz, não é fonte de tristeza ou de abatimento, mas de paz e de alegria. Mas se, pelo contrário, carregamos sobre os ombros uma cruz humana e imaginária, uma cruz produzida pela nossa revolta interior contra a verdadeira Cruz, então devemos estar tristes e preocupados. Este peso e esta preocupação podem desaparecer da tua vida, podem deixar de oprimir-te: basta que abras os olhos da fé e que te decidas a cortar as asas à tua imaginação.

Deixa-me que te diga que estas cruzes humanas que te acabrunham com o seu peso não existem na grande realidade da tua vida sobrenatural: existem apenas na tua imaginação. Carregas sobre os ombros um peso tão atroz quão ridículo: um peso que na tua imaginação é uma montanha e na realidade é um grão de areia.
São fantasmas forjados na tua cabeça, fantasmas que a fantasia reveste de cores vivas, atribuindo-lhes mãos largas e temerosas e pernas ágeis e velozes. São fantasmas que agora te perseguem, enchendo de dor e de agitação a tua alma. Um pequeno gesto da tua vida de fé seria suficiente para os fazer desaparecer. Percebes que basta pouco para os eliminar?

Mas, às vezes, admitimos na nossa vida outros fantasmas que vêm de longe: são os temores de males futuros. São temores de coisas ou perigos que hoje não existem e que não sabemos se se verificarão, mas que vemos presentes e atuais na nossa imaginação, convertendo-os em tragédia. Um simples raciocínio sobrenatural seria suficiente para os varrer: se esses perigos não são atuais e esses temores ainda não se verificaram, é óbvio que não dispões da graça de Deus necessária para os vencer e aceitar. Se esses receios vierem a cumprir-se, então não te faltará a graça divina e, com ela e com a tua correspondência, a vitória, a paz. É natural que não tenhas agora a graça de Deus para venceres os obstáculos e aceitares as cruzes que existem apenas na tua imaginação. É preciso construir a vida espiritual com base num realismo sereno e objetivo.

Os fantasmas não são menos perigosos no campo da caridade. Quantas vezes és vítima da imaginação no exercício desta virtude! Quantas suspeitas sem fundamento, radicadas apenas na tua cabeça! Quantas coisas fazes pensar e dizer ao teu próximo, quando ninguém pensou, nem disse, nem fez nada! Estes fantasmas perturbam e minam a vida de relação, a vida de família. Os pequenos contrastes, que se dão necessariamente em todos os círculos de convivência humana, mesmo entre santos – porque não somos anjos –, agigantam-se e deformam-se em consequência da imaginação, e criam estados de ânimo duradouros que nos fazem sofrer muitíssimo. Por coisinhas de nada, por ninharias e pelo jogo da fantasia, cavam-se abismos que dividem as pessoas, que destroem afetos e amizades, porque vão corrompendo a unidade.

A imaginação é ainda a grande aliada da sensualidade e do amor-próprio. Quantos romances te faz viver! Sonhos fantásticos em que és o herói, a personagem que triunfa: fantasmas que afagam a tua ambição, o teu desejo de mandar e de ser admirado, a tua vaidade. Vê quantos obstáculos para a tua santidade. A tua vida de piedade – a oração, a presença de Deus, o abandono nas mãos do Senhor, a alegria forte e sobrenatural –, as muralhas da tua vida interior ameaçadas, minadas pela doida da casa. Que sejas sobrenatural, objetivo. A voz de Jesus põe termo aos temores e à aventura dos doze no lago de Genesaré: Tende confiança. Sou Eu. Não temais.
Salvatore Canals
http://www.quadrante.com.br/
FONTE: Canção Nova

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

CANÇÃO NOVA - ATUALIZAÇÕES

                   ACESSE O SITE: http://clube.cancaonova.com/materia_.php?id=13301

Fonte: Canção Nova

HOJE, 04 DE OUTUBRO CELEBRAMOS SÃO FRANCISCO DE ASSIS.

http://blog.cancaonova.com/oracao/2012/10/04/reze-e-conheca-um-testemunho-de-sao-francisco-de-assis/

INFORMAÇÃO/FORMAÇÃO - CANÇÃO NOVA


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Brasil, 4 de outubro de 2012 - 2h13
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Segunda-feira, 17 de outubro de 2011, 09h51

Ano da Fé: Vaticano divulga Carta Apostólica de Bento XVI

Leonardo Meira
Da Redação


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''A porta da fé está sempre aberta para nós'', escreve o Papa na Carta Apostólica
O Vaticano divulgou a Carta Apostólica com a qual o PapaBento XVI proclama o Ano da Fé. O documento, intitulado Porta Fidei - A porta da Fé, foi assinado pelo Pontífice em 11 de outubro, mas foi divulgado na manhã desta segunda-feira, 17.

"A PORTA DA FÉ, que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma", indica o Santo Padre no início do texto.

"Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo", salienta.

Acesse.: NA ÍNTEGRA: Carta Apostólica Porta Fidei, de Bento XVI

O Ano da Fé iniciará em 11 de outubro de 2012, no 50º aniversário de abertura do Concílio Vaticano II, e terminará em 24 de novembro de 2013, Solenidade de Cristo Rei do Universo. "Será um momento de graça e de empenho para uma sempre mais plena conversão a Deus, para reforçar a nossa fé n'Ele e para anunciá-Lo com alegria ao homem do nosso tempo", explicou o Papa durante a Missa de encerramento do Encontro Novos Evangelizadores para a Nova Evangelização, que presidiu neste domingo, 16, na Basílica Vaticana.

Bento XVI salienta que atravessar a porta da fé é embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. "Este caminho tem início com o Batismo, pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna", indica.

De fato, desde o início de seu ministério 
como Sucessor de Pedro, o atual Pontífice sublinha a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. "Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de quantos são seus discípulos", adverte na Porta Fidei.


Ano da Fé

Não é a primeira vez que a Igreja é chamada a celebrar um Ano da Fé. Já o Servo de Deus Papa Paulo VI, em 1967, proclamou um ano semelhante, para celebrar o 19º centenário do martírio dos apóstolos Pedro e Paulo.

"Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, 'não perdem o seu valor nem a sua beleza'. [...] Quero aqui repetir com veemência as palavras que disse a propósito do Concílio poucos meses depois da minha eleição para Sucessor de Pedro: 'Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja'", escreve Bento XVI na Carta Apostólica divulgada nesta segunda-feira.

Em 11 de Outubro de 2012, além dos 50 anos da convocação do Vaticano II, também se completarão 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo Beato Papa João Paulo II. Conforme Bento XVI, este Ano deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo a sua síntese sistemática e orgânica.

"Assim, no Ano em questão, o Catecismo da Igreja Católica poderá ser um verdadeiro instrumento de apoio da fé, sobretudo para quantos têm a peito a formação dos cristãos, tão determinante no nosso contexto cultural. [...] Com tal finalidade, convidei a Congregação para a Doutrina da Fé a redigir, de comum acordo com os competentes Organismos da Santa Sé, uma Nota, através da qual se ofereçam à Igreja e aos crentes algumas indicações para viver, nos moldes mais eficazes e apropriados, este Ano da Fé ao serviço do crer e do evangelizar", revela.

Da mesma forma, será decisivo repassar a história da fé, que faz ver o mistério insondável da santidade entrelaçada com o pecado. O Ano da Fé também será uma ocasião propícia para intensificar o testemunho da caridade. "A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra de realizar o seu caminho. [...] Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro. [...] À Mãe de Deus, proclamada «feliz porque acreditou» (cf. Lc 1, 45), confiamos este tempo de graça", escreve.

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Bento XVI: "O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um fato privado. A fé é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele"
O Bispo de Roma convida também seus Irmãos Bispos de todo o mundo a comemorar o dom precioso da fé. "Queremos celebrar este Ano de forma digna e fecunda. Deverá intensificar-se a reflexão sobre a fé, para ajudar todos os crentes em Cristo a tornarem mais consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo num momento de profunda mudança como este que a humanidade está a viver. Teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre. Neste Ano, tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do Credo. Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessara fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança. Será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia. [...] Esperamos que o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade. Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada e refletir sobre o próprio ato com que se crê, é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano".


Desafios

O Papa analisa que nos dias atuais, mais do que no passado, a fé vê-se sujeita a uma série de interrogativos, que provêm de uma mentalidade que  reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas. "Mas a Igreja nunca teve medo de mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica, porque ambas tendem, embora por caminhos diferentes, para a verdade", ensina.

Da mesma forma, o professar com a boca indica que a fé implica um testemunho e um compromisso públicos. "O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um fato privado. A fé é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele. E este 'estar com Ele' introduz na compreensão das razões pelas quais se acredita. A fé, precisamente porque é um ato da liberdade, exige também assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita".

A renovação da Igreja realiza-se também através do testemunho prestado pela vida dos crentes: "de fato, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou", adverte.

Por fim, Bento XVI lembra que Jesus Cristo, em todo o tempo, convoca a Igreja, confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo.

"Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor de uma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé. Na descoberta diária do seu amor, ganha força e vigor o compromisso missionário dos crentes, que jamais pode faltar. Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria. A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar.[...] Só acreditando é que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus".

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FONTE: Canção Nova