quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

FORMAÇÃO - PEDRAS VIVAS

                                   
                                       FIDELIDADE AO MINISTÉRIO CONFIADO


                              O espírito está pronto, mas a carne é fraca"  (Mc 14, 38b)



               Ao ser inspirado a partilhar sobre um tema que talvez não seja eu a pessoa mais indicada para falar sobre o assunto, vem ao meu coração um forte desejo de mostrar aos imãos cristãos de todas as denominações religiosas, que todos nós estamos sob o mesmo jugo do pecado e da morte. Tendo eu assistido a duas reportagens sobre o mal comportamento de dois Sacerdotes brasileiros, ordenados pela Igreja Católica Apostólica Romana e exercendo seus ministérios, não tive como evitar uma grande dose de tristeza em meu coração, pois, tenho comigo, que só o fato de viverem sua vocação e da ordenação para o sacerdócio, já são motivos relevantes para se inspirarem a usar de toda a sua força, todo o seu entendimento e toda a sua inteligência, afim de poderem cumprir com fidelidade e alegria aquilo que lhes foram confiado.

No entanto, somos movidos pela nossa humanidade e pelo nosso instinto, por isso existe dentro de nós uma luta constante em querer o bem, de desejá-lo e até de fazer dele a nossa vida, mas na realidade, não somos capazes de realizá-lo. Mesmo não tendo uma vida religiosa, ou não acreditando em Deus, existe dentro de nós uma capacidade de saber o que é bom e o que é mal. No entanto, por causa da nossa natureza ferida pelo pecado, podemos distinguir o que é bom, mas isso é muito pouco para fazer o bem. "Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero." (Rm 7, 19)

Quando assumimos a nossa fé, adquirida através da fé de nossos pais, assumimos também uma responsabilidade e um compromisso de buscar nesta fé, tudo aquilo que nos dê segurança e certeza de que estamos confiando em alguma coisa real e não somente imaginativa. Somos educados a buscar sempre o caminho do bem, pois a educação dos nossos pais são o reflexo do Amor de Deus, mesmo eles não vivendo aquilo que nos ensinam. Somos para o mundo aquilo que aprendemos dentro de casa.

Voltando ao assunto dos padres, mesmo se eles não fossem ordenados ao sacerdócio, seriam capazes de fazer o que fizeram; porém, a cobrança não seria por serem padres, mas por serem cidadãos comuns. A socidade não aceita os erros cometidos pelas pessoas, como se o erro cometido fosse capaz de tirar toda a dignidade de filhos de Deus. Esta cobrança se torna ainda maior, por serem padres, ordenados para testemunhar ao mundo o Amor de Deus e anunciar a Boa Nova trazida por Jesus. Então, o que fazer para julgarmos esses erros cometidos e não associarmos ao fato de serem sacerdotes? Apenas lembrarmos de que todos somos iguais, e como disse Jesus aos seus discípulos naquela noite em que estava numa profunda vigília de oração: "Vigiai e orai, pois o Espírito está pronto, mas a carne é fraca" (citação acima).

Como vemos, não somos capazes de fazer o bem se não estivermos em profunda comunhão com o Espírito Santo nos doado no Batismo, pois Ele substitui o nosso instinto corrompido pelo pecado original e nos mostra aquilo que precisamos fazer e lutar contra a nossa vontade. Claro, vamos pecar e talvez até mais do que imaginamos ou queremos, mas a graça de Deus estará sempre com aquele que se doa sem reservas para ser totalmente guiado pelo Amor e não pelo instinto. Deus não quer que pereçamos, mas não interfere em nossas escolhas e muito menos em nossa liberdade, mas sabe como transformar todas as coisas e jamais deixará que algo termine como sendo vitória do mal. Quando Deus permite que um dos seus filhos faça um mal, certamente não será por abandoná-lo aos seus desejos e prazeres, mas para mostrar a todos que sem Ele não somos nada.

Seja Padre, Bispo e até o Santo Papa, Deus dá a liberdade para agirem de acordo com suas escolhas, mas não associa a humanidade de cada um com o seu Reino de Amor inaugurado por Jesus aqui na terra. Queremos dizer que a Santa Mãe Igreja não compactua com nenhum erro ou pecado de quem quer que seja, muito menos dos seus Ordenados, mas perdoa como perdoa a todos que pecarem contra o Amor de Deus. A Igreja não faz uma lavagem cerebral em quem se apresenta para fazer o discernimento vocacional e se mostra interessado em ser futuro padre. Ela acolhe a todos os que se mostram dispostos a se entregar pela causa do Reino, por isso, existe um longo tempo para o candiato descobrir e discernir se realmente ele está entrando para o Seminário como uma fuga das suas dificuldades pessoais, ou se realmente está atendendo ao chamado do Pai.

Esta é a nossa reflexão sobre o assunto, sabendo que podemos ainda tirar muitas outras conclusões, pois este assunto requer maturidade de fé e esperança na Igreja de Cristo Jesus. Os erros cometidos pelos padres lhes tiram o direito de exercerem o ministério da Santa Igreja, mas, nem por isso serão abandonados pela Igreja como filhos de Deus. Eles se tornaram uma ameaça para a sociedade como cidadãos, mas adquiriram uma fonte de misericõrdia e de Amor por parte de toda a comunidade cristã católica. A Igreja condena os atos, mas são perdoados como todos os cristãos, no Sacramento da Penitência. Poderão ser condenados pela justiça civíl, mas perdoados pela Misericórdia de Deus.

Portanto, acreditamos na justiça civil e no processo de julgamento, pois toda a autoridade dada ao magistério civil foi dado por Deus, em benefício comum a todos os seus filhos deste mundo.

Deus seja louvado e adorado!

Carlos Aberto Batista - Comunidade Pedras Vivas

Nenhum comentário:

Postar um comentário