terça-feira, 7 de maio de 2013


   

     

    O PECADO PRECISA SER RECONHECIDO
           

                  “Tudo é permitido, mas nem tudo convém...
          

        Para iniciarmos a reflexão sobre o tema deste título, iremos mergulhar no Evangelho de João onde o Evangelista narra os acontecimentos que serão fundamentais para o nosso discernimento. A princípio, todos achavam que João era o Messias esperado, pois ele vivia como um verdadeiro profeta e era reconhecido como um homem de Deus por todo o povo da Judeia. No entanto, sabemos que a missão de João Batista era preparar o caminho para Jesus. Nesta missão, constava o batismo da conversão, onde os batizados eram mergulhados nas águas do rio Jordão como forma de arrependimento pelos pecados.

Numa certa ocasião, João Batista passou a ser questionado sobre a sua verdadeira identidade, pois os doutores da lei, os fariseus e os sacerdotes, começaram a perceber que ele dava sinais que o identificava com um profeta de poder, tanto que eles achavam que poderia ser ele o Messias esperado para restaurar Israel, ou Elias que voltou, ou ainda algum outro profeta. Mas, “João respondeu: Eu batizo com água. No meio de meio de vós, está alguém que não conheceis, aquele que vem depois de mim, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália”. (Jo 1, 26-27)

No entanto, o que vai dar sentido ao que propomos refletir vem logo após este episodio que aconteceria no dia seguinte. Estando novamente às margens do rio Jordão, João Batista vê Jesus aproximar-se dele e diz: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo 1, 29) Notemos que João Batista foi incisivo, consciente e firme ao referir-se a Jesus. Ele não usou outro termo para se referir a Ele, mas somente a sua mais direta identificação: “que tira o pecado do mundo”. Diante desta identificação, iremos buscar o melhor caminho para podermos discernir os passos a dar e entender a nossa verdadeira dificuldade para sermos verdadeiros discípulos de Jesus.

Podemos começar refletindo sobre a firmeza de João Batista ao revelar Jesus sob a ótica original, utilizando a verdadeira linguagem, sem subterfúgios e sem medo. Enquanto todos esperavam um Messias libertador, cheio de poderes para transformar a vida do povo de Israel e tirá-los das mãos dos romanos, ele mostrou que não veio com esta perspectiva, mas para tirar o pecado do mundo. Isso mostra que a verdadeira escravidão não está caracterizada pela vida do povo e das suas dificuldades em viver sob o domínio romano, mas na escravidão do pecado.

Nos dias de hoje Jesus se faz tão presente quanto aos tempos passados. Ele continua nesta mesma missão de tirar o pecado do mundo. Somos batizados com a mesma água, mas recebemos em nosso Batismo o que aqueles homens do Jordão ainda não recebiam: Aquele Espírito Santo que somente Jesus recebeu ao entrar nas águas do rio Jordão! Que coisa mais maravilhosa poderíamos desejar¿ Porque então somos tão diferentes de Jesus em nossa caminhada pela vida¿ É por que não nos arrependemos de nossos pecados. E porque não nos arrependemos do nosso pecado¿ Porque não os reconhecemos como pecado! Ah, que bom seria se todos nós fôssemos fieis ao nosso batismo. Quem dera se déssemos o valor real Daquilo que Deus Pai nos concedeu com seu Plano de Salvação. Quem dera se fôssemos corajosos como tantos homens e mulheres que passaram a vida lutando contra o pecado e viveram cada instante da vida levando às pessoas o anuncio de Jesus vivo. Quem dera se todos nós acreditássemos que nossos pecados se transformam numa parede que escurece a nossa alma e esconde a Luz de Jesus.

A rigor, não precisamos mais sofrer pelo pecado, pois ele foi vencido pelo sangue de Jesus, mas isso é assunto para outras reflexões. O que precisamos neste momento é entender como seremos capazes de descobrir que estamos pecando. Esta reflexão pode ter vários sentidos, mas vamos fixar apenas em uma que pode ser a via natural da Santa Mãe Igreja. Para isso, precisamos nos conscientizar que está vinculado à Igreja um poder de revelar a todos nós tudo aquilo que é da vontade de Deus. Antes de sabermos o que é pecado, precisamos entender a nossa natureza humana da forma criada por Deus. Tudo isso se revela em Sua Palavra expressa nas Sagradas Escrituras, onde a Igreja usa de seus poderes para interpretar segundo os valores sagrados.

Quanto a isso, precisamos entrar totalmente na história da Igreja, não simplesmente cumprindo os deveres e preceitos, mas “mergulhar pelas águas mais profundas”, onde quanto mais entramos, mais precisaremos de Luz. Quanto mais parecemos saciados, mais ficaremos com sede e com fome. É um verdadeiro mergulho num lugar que parecia estar escondido, mas vamos percebendo que tudo é tão íntimo de nós. Em tudo e em todos, nada fica escondido, pois a Luz se torna cada dia mais forte e vai iluminando todo o caminho, e nada fica às escondidas. O pecado vai se tornando tão claro que, quanto menor, mas visível se torna. É assim que precisamos entrar na pedagogia de João Batista: ir ao encontro de Jesus, não para buscar os benefícios, mas para matar o pecado em nós!

...Tudo é permitido, mas nem tudo edifica. Ninguém procure satisfazer aos seus próprios interesses, mas aos do próximo”. (1 Cor 10, 23-24) Assim se completa o texto da Carta de Paulo aos Coríntios que citamos no início desta partilha. Estas palavras se tornam o desafio maior para a nossa reflexão e discernimento, pois estão nelas a Luz que ilumina a nossa mente e o nosso coração. Portanto, se torna fundamental entendermos isso como a parte mais importante desta partilha, pois ela pode mudar o rumo da nossa história. Lembremos que Paulo Apóstolo quis dizer que tudo que fizermos para satisfazer somente aos nossos interesses, sem estar neles inseridos os interesses de “todas” as outras pessoas, é pecado. Ou seja, aquilo que é bom só para mim, contradiz a vontade de Deus!

Este é o sentido da nossa vida: fazer a vontade de Deus, pois a vontade Dele, vivida e revelada pela Santa Mãe Igreja, não significa peso algum, mas a perfeita ordenação da nossa humanidade. Por isso pedimos a Ele, Pai, na força e fidelidade de Jesus, e na perfeita comunhão com o Espírito Santo Revelador, que seja sempre a Santíssima a presença viva neste mundo, pois a Luz ilumina os olhos da nossa mente e da nossa alma, revelando a todos nós onde pisar para chegarmos à Gloria eterna!
Deus seja louvado e adorado!
Carlos Alberto Batista – Comunidade Católica Pedras Vivas

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