PROVAÇÃO E CONSTÂNCIA, RIQUEZA E DOM DE
DEUS
Sofrer sem nunca deixar de amar e perseverar
"Considerai uma grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de passar por
diversas provações, pois sabeis que a prova da fé produz em vós a
constância." (Tg 1, 2-3)
Mais uma vez nos reunimos para partilhar um tema que provoca em nós muitas
inquietações, pois se trata de algo que nos incomoda e sempre aparece em nossa
vida, que são as provações rotineiras da nossa caminhada.
Desde os primórdios da vida humana, sabemos que o sofrimento aparece
constantemente na caminhada do povo. Esta realidade vem ao encontro das
palavras de Deus tão logo foi concretizado o primeiro pecado do homem, advindo
de nossos primeiros pais: Adão e Eva. O pecado rompeu a nossa aliança com Deus
e o fruto se dá pelo sofrimento e a morte.
A morte passou a ter uma força que agride totalmente o nosso ser. A
primeira geração do sofrimento foram os filhos de Adão e Eva, que são Abel e
Caim. Foram eles os primeiros a experimentar a provação e sofrimento causado
pelo caminho de morte gerado pelo pecado. Em Caim, criou-se um sentimento de
ódio e de inveja, onde podem ser conhecidos através dos relatos bíblicos. Caim
chegou a matar Abel pela inveja, pois não aceitou que os produtos do trabalho
de Abel fossem considerados por Deus, como melhores que os dele.
Deste episódio em diante, as Sagradas Escrituras relatam muitos outros
fatos que podemos conhecer em seus Livros Históricos. Mas a nossa reflexão será
concentrada nos dias de hoje, pois nós mesmos podemos relatar com a nossa vida
e a nossa história. Tantos são as nossas situações onde o sofrimento sempre
bate em nossa porta, transformando repentinamente o curso da nossa caminhada. A
uns o sofrimento vem menor, a outros, maiores. A uns vem pela doença. A outros
pela perda de um ou mais entes queridos. Podemos dizer que também vêm pelas
perseguições, rejeições, desempregos, dívidas, brigas familiares,
relacionamentos, disputas judiciais, entres tantas outras situações.
Diante do sofrimento, somos provados pela constância da fé e da
esperança. Neste caso, podemos concluir que o sofrimento tem o peso de acordo
com a nossa situação interior e de como estamos vivendo a nossa relação com
Deus. . Ou seja, uma situação pode causar um sofrimento incapaz de ser
suportado se estivermos desestabilizados na espiritualidade, ou ser pacientemente
suportado no Amor e na esperança, se estivermos em profunda comunhão com Deus.
Depende exclusivamente da nossa paz interior aquilo que passamos no dia-a-dia
da nossa vida.
Como cristãos, precisamos entrar na pedagogia do Mestre Jesus, onde Ele
deixou um legado de ensinamentos para seus escolhidos, a fim de poderem
continuar a instauração do Reino de Amor através da própria vida. Portanto,
desde o início da nova vida trazida por Jesus, iniciada pela fundação da sua
Igreja, criada e formada pelas missões Apostólicas, o sofrimento e o sangue se
tornaram a mola propulsora para dar força e entusiasmo aos que seguiam em
missão. Em seu mistério de Amor, Jesus trouxe algo novo em sua missão
evangelizadora, pois conseguiu transformar o sofrimento, a dor, a tribulação e
a morte, em alegria e gozo espiritual. Não se conhece outra forma de alegrar o
coração de um cristão que não seja sofrer por Jesus!
Qualquer outro meio que venha para provar a fé, a esperança e o Amor de
quem for batizado na Santa Mãe Igreja, que não seja através do sofrimento e da
dor, é mentiroso, é falso! E também, se aquele que se diz cristão correr e
fugir do sofrimento, é sinal de que não ainda não entendeu nada!
No entanto, não se trata das virtudes humanas o homem suportar o
sofrimento e a dor, mas com as virtudes divinas. Ao homem foi dada a capacidade
de suportar um limite de peso, pois em sua misericórdia Deus não permite que
lhe seja enviado um peso acima do que pode suportar. Mas, pela sua graça, Deus
concede a quem quiser a força e a coragem para suportar o que lhe vier, pois
será para a Sua honra e Glória, e não para a honra e glória do homem.
Entramos com isso na pedagogia de Jesus e nele está a nossa total
referência. Não se conhece um verdadeiro discípulo de Jesus senão pela sua vida
de sofrimento. Diante da força do pecado, um cristão que deseja seguir as
pegadas do Mestre precisa estar sempre pronto para responder com alegria a
todos que lhe pedirem a razão da sua fé, e isto acontece em cada instante da
vida. Não importa o momento que está vivendo, mas em todos eles a sua alegria
precisa estar estampada em seu rosto. Essa alegria não vem de fora para dentro,
mas de dentro para fora. É aquela alegria de estar provando aquilo que Jesus
provou ao fazer a vontade do Pai, e não a sua vontade. Assim também é aquele
que decide ser discípulo. Portanto, a Alegria do Senhor é a nossa força!
Transformar em benção os nossos sofrimentos, e em alegrias as nossas dores,
se tornam o nosso maior desafio. Por isso, está na fé e na esperança que vem de
Deus esta força e entendimento. Em nenhuma situação da nossa vida poderemos
anunciar e mostrar o seu rosto se não estivermos com o coração alegre e feliz.
Nada neste mundo pode ser capaz de apagar a Luz de Jesus que está em nós. Nem o
sofrimento, nem a dor e muito menos a morte. Em tudo e por tudo somos
Luz.
Portanto, nada disso que partilhamos terá valor evangélico se não
colocarmos em prática. Nesta caminhada de sofrimento, de dor e de lágrimas, é
fundamental a nossa consciência de fé. E a nossa fé não está fundamentada para
este mundo. A nossa caminhada aqui neste mundo é exclusivamente para anunciar e
revelar Jesus; seja casado, solteiro, ordenado, viúvo, enfermo, viajando,
trabalhando, passeando, divertindo, velando, orando, celebrando. Em tudo
precisamos ser a Luz de Jesus. É nesta consciência de fé que precisamos chegar.
Nisso, correr do sofrimento e da dor é fugir do céu!
Pedimos a nossa "Mãe e Mestra" em sofrimentos, a Virgem Maria,
que nos ensinem a sofrer por Jesus. Que ela possa tirar das suas sete dores os
elementos que transformem nossos corações e nos fazem homens e mulheres fortes
e firmes na fé.
Deus seja louvado e adora!
Carlos Alberto Batista - Comunidade Católica Pedras Vivas
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