terça-feira, 11 de setembro de 2012

FORMAÇÃO - PEDRAS VIVAS

                         

                              PORQUE RECLAMAMOS TANTO E POR QUALQUER COISA?



                                    "Será que existe alguma dor igual à minha dor?  (Lm 1, 12b)



                 Iniciamos a nossa partilha com essa passagem bíblica tirada do Livro das Lamentações, cujo conteúdo contém poemas de luto em torno das devastações e destruição do Templo por Nabucodonosor, rei da Babilônia, em 586 aC. No entanto, o nosso tema não se trata de "lamentações", mas "reclamações", ou pode ser também, "murmurações". Sem necessidade de recorrer ao dicionário, podemos perceber que existe uma proximidade entre o sentido das situações acima citadas. Murmurar tem a ver com reclamar, e lamentar provém de expressar o sentimento por algo acontecido ou vivido.

Em se tratando de "reclamar", podemos dizer que somos especialistas nisso, pois é nosso costume reclamar de tudo e por qualquer coisa, às vezes, por simplesmente gostar de reclamar. A nossa necessidade de expressar nosso mau humor, vem sempre acompanhada de uma reclamação. Reclamamos de tudo: do calor; do frio; da chuva; do sono; da fome; da sede; do café sem doce, ou adoçado demais; das filas; na derrota e até na vitória; do juiz de futebol; do vizinho; da missa mais longa; do irmão ou da irmã que não faz nada; da mãe que exige; do pai que não se faz presente; do trabalho e do patrão; do presente que ganhamos ou deixamos de ganhar; do cabelo atrapalhado, ou de um fio fora do lugar; da roupa que não temos; do sapato que não combinou com a roupa; do namorado ou namorada que atrasou, ou até adiantou,  enfim, somos reclamantes por natureza. Se não temos o que falar, buscamos em alguma coisa motivos para reclamar!

Em várias situações na história do povo de Deus, podemos encontrar elementos suficientes para partilharmos por vários e vários dias, como Ele responde aos reclamantes e murmuradores.  Vamos perceber que a murmuração e/ou reclamação fere terrivelmente o coração de Deus, pois Ele nunca abandonou seu povo e sempre o tratou e o protegeu como a galinha que protege seus pintinhos debaixo de suas asas. Quando reclamamos do sol quente, nos esquecemos que ele é um elemento natural criado por Deus, com a temperatura ideal para cada região, bem como para as situações climáticas do ano. Portanto, se reclamamos de algo próprio da natureza, muito mais vamos reclamar das coisas cotidianas. Desde já, podemos perceber que "reclamar e murmurar", não vem de Deus.

Quando um cristão declara com naturalidade a sua insatisfação com alguma coisa ou pessoa, transformando-a em murmuração e/ou  reclamação, certamente estará desfigurando a nossa imagem e semelhança com Deus. A Sagrada Escritura nos remete a um esforço natural e humano afim de louvarmos a Deus em qualquer situação da nossa vida. Os cânticos dos autores sagrados, são um doce louvor a Deus, pois cantar louvores a Deus é dar-Lhe o reconhecimento da nossa alegria de tê-Lo como Pai e Criador, presente e atuante em cada instante da nossa vida. Paulo e Silas ao serem presos por se declararem cristãos e agirem como tal, nos dão uma verdadeira lição de como agir nas piores situações da nossa vida: "Oravam e cantava hinos a Deus" (Cef. At 16, 22ss). Esse gesto foi muito mais além do que apenas louvar, adorar e cantar hinos, pois aconteceram fatos históricos de cura, libertação e conversão de famílias. O que queremos dizer? Ao fazer da nossa vida um perfeito louvor a Deus, em qualquer situação em que estamos vivendo, estaremos não apenas louvando, mas fazendo Deus acontecer na vida de todos que estão ao nosso redor.

É lamentável perceber que ainda não participamos da Natureza Divina, pois em comunhão com Ela, seríamos capazes de buscar Nela mesmo, os nossos ideais cristãos. Não percebemos em nenhum texto da Sagrada Escritura, alguma coisa ou fato que tenha Maria, José e Jesus reclamado ou murmurado, mesmo naqueles momentos dos mais duros e pesados sofrimentos. Jesus na cruz, nos dá uma aula de como vencer a tentação da murmuração ou da reclamação. Claro, como ser humano sentiu dores inimagináveis e até lamentou ao Pai o porque daquele abandono. Mas, em nenhum momento reclamou ou murmurou.

Portanto, vamos dar verdadeiro sentido em nossa vida, pois a reclamação e a murmuração nos afasta da Graça de Deus. Ao invés de reclamar, prostremo-nos diante de Jesus na Cruz, pois com Ele vamos aprender que o nosso sofrimento jamais chegará perto daquele que Ele sofreu, e ainda sofre com as nossa tibieza e desinteresse em Sua Palavra.

Deus seja louvado e adorado!

Carlos A. Batista - Comunidade Pedras Vivas

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