quarta-feira, 3 de abril de 2013

FORMAÇÃO - PEDRAS VIVAS

                                                 
                                               
                                                    OS DISCÍPULOS DE EMAÚS


                   "Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho?"
                                                                                                (Lc 24, 32)


               A Liturgia nos tráz nesta quarta-feira da oitava da Páscoa, uma das passagens bíblicas mais interessantes das Sagradas Escrituras, tanto na Primeira Leitura, quanto no Evangelho. É muito importante para todos nós, buscar em cada detalhe dos textos Sagrados aquilo que os autores querem nos falar. No caso do Evangelho de Lucas, dois discípulos estavam voltando para casa decepcionados pelo final dos acontecimentos que culminaram com a morte de Jesus. Estavam abatidos e derrotados, pois tinham depositado todas as esperanças naquele homem que apareceu em Jerusalém e se mostrou como Filho de Deus e mestre.

Como podemos perceber na narrativa do Evangelho, os discípulos estavam realmente a par de tudo, pois contaram a Jesus tudo que tinha acontecido, no caso, eles não sabiam que era Jesus quem caminhava com eles. Voltando à reflexão, podemos começar pelo trajeto que os dois estavam fazendo ao voltarem para casa. Pelo texto, a distância entre Jerusalém e o povoado não era assim, podemos dizer, tão longe, 10 quilômetros,  mas podemos perceber que eles estavam demorando para chegar. Como sabemos, andando normalmente, sem pressa, somos capazes de caminhar 6 Km por hora. Neste caso, a distância percorrida entre a cidade e o povoado não gastaria mais do que 2 horas. Mas, os dois discípulos parecem tão decepcionados e derrotados, que mostram não querer chegar ao destino. Será porque? Porque todas as pessoas do povoado  que não largaram suas vidas e suas casas para seguir aquele homem, vão rir deles e fazer chacotas por terem que voltar para casa, sem terem conseguido nada do prometido por Jesus.

Em se tratando de dois discípulos, um já sabemos que se chama Cléofas, mas o outro não foi identificado pelo autor sagrado. Mas, o que tem de importante nisso? Se fosse somente por um nome, importância nenhuma teria, mas se torna importante porque o outro discípulo não é outro, mas outra. Trata-se da esposa de Cléofas, Maria é o nome dela. O que tem de importante nisso? São marido e esposa, e os dois largaram sua casa para seguir e se tornarem discípulos de Jesus. Como descobrimos que são marido e esposa esses dois discípulos? "Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo Caminho?" Disse um ao outro. Portanto, ele não falou: nossos corações, mas nosso coração, ou seja, "um só coração". Essa é a relação que nos fala em Gênesis: "Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne". (Gn 2, 24) Ou seja, o que um sentiu, ou outro também sentiu, pois se tornaram um só, de duas pessoas.

Refletindo ainda mais, notaremos que Jesus fez questão de mostrar a sua glória a esses dois discípulos. Notemos que em nenhuma outra passagem bíblica, narrada nos Evangelhos, Jesus apareceu a outros discípulos separadamente, a não ser em grupos, com os Apóstolos e também à Maria Madalena, mas neste caso, ela lhe mostrou todo o seu Amor indo pela madrugada visitá-lo no túmulo. O que nos parece, é que Jesus deu um grande sinal da importância do matrimonio na vida de um casal. Ele vai estar sempre junto dos casais que se unem e se tornam uma só carne. Andará com eles pelo Caminho. Um casal que se torna uma só carne, não só se casam, mas se tornam verdadeiros discípulos de Jesus e fazem do seu matrimônio uma forma de mostrar Jesus ao mundo, de revelar o Amor.

É neste clima de comunhão que Jesus quer se manifestar. É dentro de uma família que Jesus aparece com mais força e faz arder os corações. É pelo Caminho, nas Sagradas Escrituras e na Eucaristia que Jesus ressuscita e aparece com todo o seu poder. Aqueles que se unem somente pelo prazer de se unirem, não andam pelo Caminho falando de Jesus, mesmo que decepcionados, mas correm da Santa Mãe Igreja, como se ela fosse um grande impedimento para a vida sem matrimônio. A Igreja se torna uma pedra no caminho.

Portanto, podemos ser como esse dois discípulos em todos os sentidos: não entendendo o Plano da Salvação e até ficando decepcionado com a ausência de Jesus em nossas vidas. Caminhando de volta para casa e conversando com alguém, sem notar que desta pessoa pode sair tudo que precisamos ouvir e viver. Podemos convidar alguém para entrar em nossa casa com uma intenção, mas na verdade tudo pode ser transformado. Tirando lições desta passagem, fica a certeza de que Jesus está no meio de nós. Jesus é uma pessoa e não um espírito escondido. Jesus está em alguém: no Papa, no Bispo, no Padre, no Diácono, no Seminarista, na Irmã de Caridade, no missionário leigo, no pai de família, na mãe e em cada um de nós. Assim vamos fazer Jesus acontecer neste mundo, buscando-O na pessoa de alguém, principalmente naquela pessoa que anda triste e abatida, doente e sem esperança. Precisamos fazer arder os corações!!

Deus seja louvado e adorado!

Carlos Alberto Batista - Comunidade Pedras Vivas


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