QUEM SE HUMILHA EXPERIMENTA O AMOR DE DEUS
(Lc 18, 13)
Estamos partilhando uma das passagens do Evangélico, onde Jesus contou uma parábola para aqueles que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros. Nos relatos, um fariseu e um publicano subiram ao Templo para rezar. Enquanto o fariseu rezava a Deus dizendo não ser como aquele publicano que vivia em pecado, mas sim, cumprindo fielmente as leis, o publicano batia no peito de forma arrependida e pedia perdão a Deus por ser um pecador. Diante disso, Jesus disse que o publicano voltaria para sua casa justificado com Deus, enquanto o fariseu não voltaria! (Cf Lc 18, 9-14)
Em se tratando de ensinamento de Jesus, precisamos ficar atentos e penetrar em seu coração, pois é natural agirmos como o fariseu, pois somos tentados a perceber, julgar e condenar os erros e os pecados dos outros, mas esconder os nossos. Entrando nas profundezas do oceano de Amor que Deus nos oferece, poderemos entender tudo que Jesus deseja falar pra nós. De início, lembremos que a humildade é uma das virtudes das bem-aventuranças proclamadas no alto da montanha por Jesus, tão logo anunciou a instauração do Reino dos céus aqui na terra.
Na ocasião, Jesus proclamou em alta voz o que seria necessário para que todos pudessem entender a Boa Nova trazida por Ele. Em seus ensinamentos, Jesus falava de coisas que deixavam todos atordoados, pois eram palavras difíceis de serem entendidas pela lógica humana. De fato, mudar os conceitos culturais, religiosos e tradicionais de um povo utilizando uma pedagogia totalmente fora da realidade, certamente é o maior desafio de quem anuncia uma novidade. Pior ainda nesta missão de Jesus, pois aquele povo estava esperando alguém que pudesse transformar a situação dolorosa que viviam, mas não transformarem a si mesmos.
Portanto, não se trata somente daquele povo esta dificuldade para entender a proposta de Jesus, mas a todos os povos de todos os tempos. Jesus citou o publicano como referência, mas sabemos que dificilmente nos reconhecemos como pecadores e arrependidos voltamos para o Pai. A nossa maior dificuldade está em ouvir a Palavra de Deus sem deixar que ela machuque e até corrói as nossas entranhas, pois sempre falam aquilo que não queremos ver e ouvir.
A mensagem trazida por Jesus fere os nossos costumes e até a nossa educação, pois faltando vida evangélica a nossos pais biológicos, certamente não saberão como nos educar para acolher e viver a Palavra de Deus. "Nossos pais humanos nos corrigiam, como melhor lhes parecia, por um tempo passageiro; Deus, porém, nos corrige em vista do nosso bem, a fim de partilharmos a sua própria santidade. Na realidade, na hora em que é feita, nenhuma correção parece alegrar, mas causa dor." (Hb 12, 10-11)
Percebemos que a Palavra de Deus vem ao nosso encontro com toda a força a fim de nos agitar e balançar o nosso interior. Diante disso, podemos concluir que não é fácil anunciar a Boa Nova da salvação, pois não basta ajuntar uma multidão e falar em nome de Jesus proclamando a sua Palavra, se cada um dos que ouvem não se colocar diante de Deus como verdadeiro pecador. Sem se curvar diante do poder de Deus, reconhecendo-se como um nada sem Ele, nenhuma Palavra de Deus poderá surtir efeito, pois Deus não interfere em nossa liberdade.
Como missionários, podemos notar no cotidiano da vida o quanto é difícil alguém tomar a decisão de seguir Jesus. Às vezes, muitos ouvem atentamente uma pregação, uma homilia, uma palestra, uma partilha, mas não têm coragem de reconhecerem que suas vidas estão sem sentido, e precisam decidir pelo Caminho de Jesus, a fim de viverem aquilo que ouviram. Demonstram muito interesse, mas não acolhem com a firmeza necessária para mudar a própria vida. São como aquele terreno cheio de espinhos, cujas sementes caíram e não germinaram.
Esta é a dificuldade de quem não se reconhece como pecador e coloca nele mesmo a sua confiança e a sua esperança. Espera de Deus todas os benefícios, achando que suas súplicas, suas orações e a sua justificação bastam para possuir os méritos de Deus. São pessoas que se contentam com o pouco que este mundo oferece, como se fossem tudo que precisam. Sem humildade, cultivamos dentro de nós todos os tipos de desejos pelas coisas do mundo. Nada neste mundo nos sacia, pois estaremos sempre ávidos pelos seus prazeres que a cada dia são renovados. Deus nos atrai com a sua proposta de Amor, mas o mundo nos seduz com seus prazeres.
Portanto, Deus não desiste de nenhum de nós e continua a sua obra confiando naqueles que disseram "sim" ao seu projeto de Amor.
Que Nossa Senhora de Todos os Povos nos animem, nos capacitem, nos ensinem e interceda sempre ao nosso favor diante de Seu Filho Jesus, com toda a sua ternura de Mãe.
Deus seja louvado e adorado!
Carlos Alberto Batista - Comunidade Pedras Vivas
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